sexta-feira, abril 29, 2011

DE ALOÂNDIA ATÉ GOIATUBA


DESCENDO O RIO MEIA PONTE
DE ALOÂNDIA ATÉ GOIATUBA
UMA DAS MELHORES OPÇÕES PARA QUEM
QUER SAIR DA ROTINA

por Paulo Castilho 

Nos anos 70, quando eu morava em Aloândia, era aqui que eu vinha com a minha família nos finais de semana. Eu mal sabia nadar, mas com a ajuda de duas cabaças amarradas entre si por uma corda feita de couro de boi, presente que ganhei da Dona Nenem, eu já dava as minhas primeiras braçadas. Tal objeto  era colocado na altura do meu peito, a corda atravessava de um lado ao outro, ficando as cabaças com a função de boias.

Esse cenário serviu hoje de ponto de partida dessa nossa nova viagem. Ficamos sabendo, através de moradores locais, que existe projetos de serem construídas pequenas usinas hidrelétricas na região, o que cobrirá uma grande quantidade de terras na região, já que a relevo não é assim tão irregular. Levando em conta que a população rural de Aloandia vive praticamente da criação de gado leiteiro e que a região não possui grandes matas (a região foi praticamente devastada para a criação de pastagem e pequenas lavouras), a formação de um lago não iria causar grandes estragos. Teriam sim que pensar em uma nova forma de ganhar dinheiro, já que a água cobrirá uma grande extensão de terra. O turismo na região seria uma boa fonte a ser explorada, já que nos dias de hoje isso nem passa pela cabeça das autoridades e moradores locais, apesar de ter uma belíssima cachoeira no município (e o rio, que poderia ser explorado de várias maneiras).


Ao lado da atual ponte que cruza o rio, estão os pilares da antiga ponte que ligava  o município de Aloandia ao de Morrinhos. No período da seca, como pode ser visto na foto abaixo, o fundo do rio é visível de cima da ponte.
 

Fazendo uma exploração pelas margens do rio, encontramos a dona Romilda, que pescava de linhada em uma estreita parte do leito. Justamente na hora em que a avistamos ela havia acabado de fisgar um enorme peixe (um Piau), que nos mostrou orgulhosa. Se marido descansava sob a sombra de alguns pequenos arbustos da margem.  Dona Romilda é irmã de uma antiga conhecida minha, a Rosilda, que na minha infância eu chamava carinhosamente de "Rusilda". Foi uma satisfação encontrá-la por ali.



Segundo dona Romilda, o rio já foi melhor de peixe, mas tem piorado com o passar dos anos. Também pudera. A mata ciliar da região é praticamente inexistente, além de fazerem a retirada de areia em um ponto logo abaixo de onde ela estava. Um bom projeto para a prefeitura local seria o repovoamento do rio, já que o número de pescadores por ali é grande. Um rio bom de peixe atrai pessoas de longe, o que acaba sendo um atrativo a mais para a cidade.


E lá estávamos nós, eu, Renato, Ernesto e Érica. Como é de costume, lá estava o casal (Ernesto e Érica) com sua imensa bagagem. Ele fala sempre que sou exagerado ao analisar o "equipamento" dele, mas entre os itens (que eu consegui ver) tinha lençol branco, travesseiros, colchão de ar para casal, roupinha pra dormir, equipamento de cozinha completo (detergente, esponjas de aço, panelas, pratos, tralheres, escorredor de macarrão..) e um kit completo de beleza. Descobri nesse dia que o  Ernesto é meio metrosexual... dorme com máscara de pepino, meia e pijaminha.


Assim que saímos, na primeira curva abaixo da ponte existe um ponto de extração de areia e logo em seguida algumas corredeiras, dividindo o rio em dois braços, com um ilhota no meio. Era preciso remar forte e passar pela esquerda, desviando das pedras que estavam acima da linha d'água. O Ernesto e Érica, que estavam em um caiaque de dois lugares, passaram tranquilamente e eu os segui logo atrás. O problema é que o Renato, com pouca experiência e pouca força nos braços deixou seu caiaque ir pela direita, indo diretamente em direção às pedras que encabeçavam a pequena ilha. Como a correnteza no local era forte, eu só consegui perceber o problema alguns minutos depois, já que o caiaque que ele conduzia não era visível do ponto onde eu estava. Ernesto e Érica já estavam lá em baixo na curva do rio. Comecei a apitar e resolvi voltar rio acima, para ver o que havia acontecido com nosso companheiro.

A correnteza estava forte. Por um momento cheguei a pensar em desistir. Resolvi fazer o  percurso pelo outro lado da ilha, contornando bem próximo da margem, onde a força da água era menor. Com muito custo encontrei o Renato, na ponta da ilha e com seu caiaque recolhido na margem. Ele estava meio assustado. Nesse momento chegou Ernesto pela margem oposta. Ele havia deixado seu caiaque num ponto abaixo e veio correndo pela margem. Convenci o amigo Renato a voltar com sua embarcação pelo ponto em que eu havia subido e continuamos a aventura.


Esse trecho do rio, de Aloandia até Goiatuba, não é um dos piores. Já enfrentamos trechos amedrontadores. Considero que ele seja ideal para remadores com pouca experiência (acompanhados por outros com experiência, é claro).  Na foto acima é possível ver um ponto que requer uma certa atenção, já que fica em uma região com serra, em uma curva e com bastante pedra submersas. No período da seca deve ser complicado a travessia por aqui.

Ernesto Renovato

Paulo Castilho


Neste ponto o rio volta a formar outra ilha, que em nossos levantamentos havia sido cogitada a ser um ponto para nosso acampamento. Como  ainda havia muita luz, decidimos optar por outras ilhas mais abaixo. Antes disso, resolvemos fazer uma pequena exploração na ilha.



A areia branca dava uma ideia da beleza que deve ser essa ilha no período de estiagem, quando o nível da água diminui e praias se formam pelas margens.


Deixamos nossas embarcações na margem e entramos por uma pequena trilha, que levava ao interior da ilha. Lá encontramos uma pequena habitação e uma pequena roça em volta dela.


Prosseguimos com nossa aventura. Era preciso encontrar uma outra ilha para passar a noite. Decidi seguir um pouco à frente em busca de um lugar ideal. Subitamente me surpreendi com um grupo de enormes capivaras que tomavam sol em uma pequena ilhota logo abaixo. Ao me verem aproximando, elas pularam na água e atravessaram o rio em direção a uma enorme serra na margem oposta. Como a ilhota era alta e de vegetação rasteira, decidi que ali seria um local ideal para a nossa primeira noite de descanso.

A chuva era uma ameaça constante e em caso de elevação do nível da águas, a ilha seria uma boa defesa. O grande problema é que ela só tinha uma árvore e eu não estava com minha barraca e sim com uma rede. Eu teria que improvisar. Por sorte, a árvore tinha uma galha no sentido horizontal e foi ali que amarrei minha rede.

Enquanto meus companheiros armavam suas barracas, eu já tinha amarrado minha rede, colocado a lona sobre ela e fui em busca de lenha para fazer uma fogueira.



Na foto acima é possível notar que as capivaras praticamente nivelaram o terreno vegetal onde as barracas foram armadas. Ao fundo, em um nível inferior, nota-se a árvore onde armei minha rede.


O único problema do local são as pulgas deixadas pelas capivaras e que infestam o solo. Mas não encontraríamos um local melhor do que este para acampar. Na margem esquerda uma enorme serra coberta por vegetação nativa, da margem direita era possível ouvir o gado e bem ao lado da pequena ilha onde ficamos, havia uma outra pequena ilhota, só que coberta por vegetação.


Barracas montadas, fogo aceso, janta na panela.


No começo da noite recebi a visita dos companheiros. Nada como uma boa conversa depois da janta. Ao longe ouvia-se trovões. Era possível que chovesse naquela noite, o que seria um transtorno para que estava nas barracas, já que eles não haviam levado lonas plásticas. O acumulo de água no solo e até mesmo a água que vem de cima é sempre um problema para as barracas de hoje. Por sorte a chuva não veio.



A ausência de mosquitos tornou agradável o nosso bate-papo noturno.


Para proteger o fogo da brisa constante que soprava, construí uma pequena barreira com pesados de madeira.


O fogo companheiro durou a noite toda. Eu a alimentava deitado em minha rede.


Na foto abaixo é possível notar a galha horizontal onde amarrei minha rede.


A noite chegou e com ela o silêncio. Nessa hora, a melhor coisa a se fazer é dormir.


O barulho da água junto com a escuridão funcionam como um poder hipnótico.


Acordei por volta das 5:30 da manhã. Gosto de ver o sol nascendo. Peguei minha máquina fotográfica e fiquei aguardando que ele surgisse no horizonte. Aos primeiros raios, comecei a chamar pelo Ernesto e pelo Renato, que continuavam em suas barracas e se recusavam a sair.


Quinze minutos depois o Renato apareceu com sua vara de pesca. Ernesto continuava hibernando. Acredito que ele tenha achado coisa melhor pra fazer dentro da barraca do que ver o sol despontando no horizonte.


Na foto abaixo, com o céu já a pique, Ernesto surge risonho. Ao fundo, por trás da segunda barraca, Renato insistia em continuar lavando as minhocas.


Como a fogueira continuava ativa, resolvemos colocar nossas roupas para secar no calor do fogo. Assim foi possível ter roupas secas... com cheiro de fumaça.


Era hora de prosseguir. Nessa foto clássica, os aventureiros se preparam para a segunda etapa do passeio. É preciso destacar aqui o conforto e segurança que os caiaques da Intex proporcionam. Para rios calmos, como foi o caso dessa etapa, não existe embarcações melhores.


O único problema é a vulnerabilidade. Qualquer descuido pode resultar em pequenos furos. No final da aventura constatei que dois deles estavam com pequenos furos.


Quatro horas de remadas depois, uma pausa para provar a farofa de carne preparada pela Érica. Paramos em uma pequena enseada na margem direita.


Na foto acima nós paramos para "estudar" a técnica de remada desenvolvida pelo amigo Renato. Ele consegue 'simular' remadas onde o remo mal toca a superfície liquida do rio... o caiaque segue praticamente levado pela corrente da água. Segundo ele, cansa menos e não espirra água. Sensacional!!! Vou experimentar em minha próxima viagem.


Nossa chegada na ponte de Goiatuba. O local é bastante visitado por pescadores. É possível encontrar muito lixo no local, que com certeza foi deixado por eles. Abaixo, vestígios de um acampamento recente.


O nosso resgate na ponte de Goiatuba havia sido combinado com o amigo e morador de Aloandia, Luciano Almeida, que ficou de nos buscar com os carros do Renato e Ernesto, que haviam ficado naquela cidade. Como havia sido combinado, lá estava ele na hora marcada. Voltamos para Aloandia e ele nos surpreendeu com um farto lanche, oferecido por sua família. Foi ótimo, estávamos famintos.

Quero aproveitar o momento para agradecer ao Luciano e a todos os amigos que encontramos em Aloandia. O carinho e a atenção a nós dispensadas nos fizeram sentir em casa. Eu sempre defendi a minha cidade (Aloandia) e vou continuar fazendo isto até o final dos meus dias.


Saciada a fome, era hora de voltarmos para Goiânia.


Em tempo, também preciso agradecer aqui aos amigos Ernesto e Renato. Depois que nos conhecemos muito chão (ou seria água) rolou. Um agradecimento especial ao Renato, que não vê dificuldades em estar sempre nos socorrendo (resgatando) das beiradas de rios mais distantes. Nesse trecho tivemos a oportunidade de contar com sua presença. Precisamos fazer isso mais vezes (você precisa nos ensinar aquela sua técnica de remada).


segunda-feira, abril 25, 2011

GOIATUBA-PANAMÁ





RIO MEIA PONTE
DE GOIATUBA A PANAMÁ


Ernesto Renovato e Paulo Castilho


Manhã de um dia de feriado, tínhamos a intenção de partir bem cedo para chegar a cidade de Goiatuba e ter tempo para descermos o rio, mas enrolamos um pouco, principalmente porque precisávamos comprar uma lona para colocar sobre as barracas devido ao período chuvoso.  Infelizmente o amigo Ernesto tem o hábito de sempre sair tarde para as nossas aventuras. Pra se ter uma ideia, o horário marcado para a saída era 8 da manhã e já passava da 9:30 quando ele decidiu comprar a lona.


Como estávamos divididos em dois grupos, resolvi seguir com o meu (Paulo, Hugo e Renato) na frente, com o combinado de nos encontrarmos na rodovia, uma vez que o Ernesto tem o pé bem "pesado". Renato, que estava dirigindo, precisava chegar em Goiânia o mais rápido possível, já que ele entraria no serviço às 14 horas.

Ernesto e Paulo Castilho

Chegamos no trevo de Goiatuba por volta do meio-dia. Até o rio nós teríamos mais umas duas horas (ida e volta)... não daria tempo do Renato voltar à Goiânia. Decidi que ficaríamos ali mesmo, no trevo, por onde o Ernesto obrigatoriamente teria que passar. Com todo o equipamento descarregado na beira da estrada, Renato pegou o caminho de volta.

Pra se ter uma ideia da demora no meu companheiro, o Ernesto, ficamos por ali mais uns 30 minutos. Quando ele chegou, expliquei a situação. Ele teria que dar duas viagens até o rio para levar a equipe. Fui na primeira leva, para preparar o equipamento  (carregar os caiaques com as bagagens). A distância de ida e volta era de aproximadamente 35 Km para cada viagem, o que atrasou ainda mais nossa partida.


Após nossa chegada, o Ernesto foi até a ponte da rodovia para tirar umas fotos já que na nossa última chegada na expedição anterior ele não havia registrado fotos do local. Após as fotos resolveu voltar para carregar coisas para as margens e preparar os caiaques. Ele não contava apenas com um detalhe que prejudicou o registro de todo nosso passeio, havia colocado a maquina fotográfica no bolso e foi descer um barranco de um pequeno riacho para chegar ao outro lado, o problema é que escorregou e algumas coisas que estavam com ele caíram dentro do riacho que estava com a água barrenta, acabava ali a possibilidade de fazer muitos registros de nossa nova aventura.



Ernesto e sua esposa (na época ainda noivos)

Já era mais ou menos uma da tarde, tinha início mais uma descida. Dessa vez continuamos a partir do nosso último ponto de parada que foi na ponte que liga Goiatuba a municípios como Aloândia. O Meia Ponte estava bem cheio devido às chuvas na cabeceira do rio, nos municípios mais acima. Nosso amigo Leonardo estava com a namorada, Cristiane, e ambos desceriam em um bote que já imaginávamos que não seria rápido para acompanhar os caiaques.


O inicio da descida foi bem tranquilo, apesar do sol que estava bem quente, tínhamos em mente que remaríamos em torno de 45 Km para chegarmos a uma área para acamparmos, que escolhemos através da imagem do satélite. Nossa suspeita a respeito da velocidade do bote que nos acompanhava se tornou real, o bote era difícil de controlar, não se mantinha em linha reta e estava desgastando a dupla que estava nele, além do mais o nosso amigo Leonardo de vez em quando tentava pescar no rio, ou seja, diminuía ainda mais o ritmo da turma. Conseguíamos acompanhar a velocidade de descida através do GPS e percebíamos que não estava nada boa. Para adiantar um pouco a velocidade para tentarmos chegar ao ponto escolhido, amarramos uma corda no bote e no caiaque onde o Ernesto estava. Apesar de ficar um pouco mais pesado, a velocidade média do conjunto ficou maior, ficamos então com a esperança de que chegaríamos a tempo. Ledo engano, não dava tempo e tivemos que pensar em um novo ponto para acampamento, afinal de contas já estava ficando escuro, e o tempo estava fechando por causa da chuva, era essencial podermos montarmos acampamento com o tempo claro. 


"Área de camping natural" no meio do nada.

Após passarmos por uma ilha onde havia um rancho, encontramos um lugar que parecia um recanto, com uma área gramada e limpa em meio a grandes árvores. O lugar era ótimo, o problema é que a dupla do bote quase passou do lugar, o que abortaria a parada naquele ponto. Passado o susto da parada, começamos a descarregar as coisas, o problema era só a subida no local, que era meio escorregadio e havia barro. Fomos então colocando as coisas e por fim, subimos todos os caiaques e o bote. Depois de nos ambientarmos ao local, o que foi muito rápido, começamos a armar o acampamento, colocamos as lonas por cima das barracas. Eu preferi minha barraca um pouco mais longe, cobrindo-a com minha própria lona. 

Ainda bem que trouxemos a lona, pois, assim que montamos acampamento começaram a cair alguns pingo que perduraram por toda a noite. Enquanto o resto da equipe montava suas barracas, sai à procura de lenha, aproveitado para fazer um reconhecimento da região. Recolhi alguma madeiras (a maioria úmida devido ao clima e algumas palhas secas de uma lavoura próxima, que me serviram de travesseiro e ajudaram para acender a fogueira que fizemos. A comida nós preparamos num fogão de álcool, geralmente macarrão instantâneo ou sopa. Em relação a banho, somente o Ernesto a Érica que tomaram. A alegação é de que ele não consegue dormir sem tomar banho (coisa de escoteiro). 





Minha barraca e sua varanda, improvisada com o auxílio de dois remos


Interessante foi ver a quantidade de peixes que existe no rio a noite, quando o Ernesto colocava a lanterna perto da água via a quantidade, só nas proximidades haviam milhares, a água mexia sem parar devido a quantidade de de peixes que existe no rio a noite, quando o Ernesto colocava a lanterna perto da água via a quantidade, só nas proximidades haviam milhares, a água mexia sem parar devido a quantidade de alevinos.  Após o banho cada qual entrou para sua respectiva barraca, ainda era bem cedo, mas como não havia nada pra fazer, a opção era dormir. A chuva então começou, no inicio foi bem tímida, mas, pra falar a verdade, o Ernesto não queria chuva tímida, queria que chovesse muito. Claro que depois ele ficou um pouco apreensivo, afinal de contas, será que a lona por cima da barraca iria funcionar? Funcionou, ainda bem. 


Situação do acampamento


Mais uma noite se passou, acordamos bem cedo, a expedição iria continuar. Antes de mais nada procuramos saber se o rio havia subido, subiu sim, mas muito pouco, ele estava cheio, mas era por causa de chuvas que caiam muito mais acima, Goiânia e outros municípios, inclusive em Goiânia houve pontos de alagamento, pontos que nunca haviam alagado, imagine então o nível de cheia que pegamos logo abaixo. Nada que abalasse a expedição. Depois de tomarmos café da manhã e desmontarmos o acampamento, resolvemos partir para mais um dia de descida, teríamos muito o que percorrer ainda e nada poderia dar errado, mas infelizmente, deu. Em alguns momentos da descida alguns pescadores começaram a nos alertar a respeito de uma cachoeira que existia no rio, alguns falavam que dava pra passar, outros diziam que não era possível. Havíamos marcado o ponto da cachoeira no GPS e tínhamos a distância correta para evitar surpresas desagradáveis. Passamos por um barco de um pescador chamado João, que nos advertiu a não seguir e ainda disse para parar no rancho dele algumas curvas logo a frente que ali ele nos explicaria algumas coisas. O problema é que a velocidade do rio estava muito alta, não conseguimos parar no rancho, conseguimos parar somente alguns metros a frente, mas nossos amigos que estavam no bote não pararam, tivemos então que seguir e o que estava logo a frente foi de tirar o fôlego. 

Local de subida para o acampamento

Quando olhamos o rio pelo satélite antes de nossa expedição, percebemos que havia algumas manchas em seu leito, mas a imagem não estava nítida, e portanto não pudemos descobrir do que se tratava. Descobrimos então depois, da maneira mais emocionante possível que as manchas na verdade eram pedras, que ficavam no fundo do rio. Como ele estava bem mais cheio, a água batia com muita força nas pedras e formava ondas com mais de 1 metro de altura. O barulho do rio nesse ponto é de impressionar, fomos descendo esse trecho e de repente eis que aparece uma cachoeira no meio do rio, cada um teve um pensamento, mas todos fomos unânimes em imaginar que todos os caiaques e o bote virariam naquele turbilhão de água, tudo passou em câmera lenta naquele momento. Não viramos, nem mesmo o bote, e nem o caiaque de carga que eu estava puxando. Quando passamos do susto, o Ernesto explodiu de alegria, começou a gritar, entusiasmado por termos superado aquele obstáculo. Que viessem os próximos obstáculos. 




Leonardo tentando "enriquecer" a janta, sendo observado por Ernesto.

Continuando a descida tivemos uma grata surpresa numa curva, haviam muitas pessoas reunidas num acampamento. Logo percebemos que viraríamos atração. Assim que paramos no local, começamos a ser cercados pelo pessoal, curiosos com aqueles malucos que estavam descendo o rio. Estava ali o senhor Carlos, Secretário de Obras do município de Panamá, com seus familiares e amigos. Depois das apresentações, e muitas perguntas, as crianças que estavam no local ficaram doidas para dar uma voltinha no caiaque. Então, uma a uma, fomos colocando o colete, e dávamos uma volta nas proximidades do rancho. Alguns gostavam de ir sozinhos, outros por serem menores ou por quererem uma volta um pouco maior iam comigo no caiaque para duas pessoas. O pessoal estava bem interessado naqueles navegadores, estavam só um pouco preocupados, como seguiria aquele grupo naquele rio bravo? Por vários momentos o pessoal pedia para ficarmos e almoçarmos juntos. Infelizmente não pudemos esperar, o tempo era nosso maior inimigo naquele momento, e queríamos continuar a viagem, o mais rápido possível. Foi então que partimos, após as despedidas e um grande saco de laranja que nos foi dado de presente, seguimos nosso rumo, todos bastante tensos por causa da cachoeira do Meia Ponte. 



Senhor Carlos, de camisa com listras, e amigos. Fica aqui o nosso muito obrigado à acolhida maravilhosa que nos deram nesse pequeno espaço de tempo.


Estávamos tão tensos que perdemos a confiança na marcação de distância do GPS que dizia que a cachoeira se encontrava a cerca de 5 Km do local de partida, quase 1 hora de viagem. Confiando na explicação de uma das pessoas que estavam no rancho da curva, nos confundimos com a posição exata da cachoeira, pensamos que deveríamos parar após a primeira ilha que aparecesse, o problema é que assim que a ilha foi aproximando o desespero tomou conta da turma que estava na frente, foi então que fomos com os caiaques em direção a margem para tentar parar, o problema era que a velocidade do rio estava alta e por mais que remássemos para parar, o caiaque não parava, fomos batendo então nos galhos da árvores, entrando cada vez mais fundo nas margens alagadas do rio e correndo o risco do caiaque virar por causa da velocidade que batíamos no galho. Eu entrei na primeira galhada que vi, correndo o risco de virar o caiaque. Com muito custo consegui desembarcar por ali, tendo que fazer um enorme esforço. O Ernesto e o Leonardo encontraram um remanso e lá parou. No remanso, quando já estavam bem próximos da margem, o Ernesto resolveu desembarcar. Ele achava que o local era raso, foi descer do caiaque com o GPS pendurado no pescoço, quando deu o passo para entrar na água afundou de uma vez. O local era muito mais fundo do que ele esperava. A corda do GPS arrebentou e por sorte o GPS caiu dentro do barco. De qualquer forma não haveria problema do GPS entrar em contato com a água, pois ele é a prova d'água. O problema maior seria se ele descesse rio abaixo. Passado o susto, ele puxou o caiaque para perto da margem e ali descansou um pouco, imaginando o que poderia ter acontecido comigo.  


o som ensurdecedor das águas

Ernesto e Leonardo tiveram a ideia de tentar achar a tal cachoeira, e entraram por trilha que seguia seu rumo para longe do rio. Tentaram então descobrir um novo caminho e entraram dentro de um pasto, sempre orientados com o barulho do rio. Sabiam que não havia como se perderem. A medida que o barulho se tornava mais forte, entravamos na mata que margeava o rio para ver se a tal cachoeira aparecia. Infelizmente o barulho era apenas de corredeiras ou da água batendo no galho das árvores. Após uma longa caminhada por caminhos desconhecidos, e a ameaça de chuva e raios que nos amedrontava, descobrimos apenas que fomos precipitados, que a cachoeira não estava perto como havíamos imaginado, e todo aquele pânico gerado foi desnecessário, que poderíamos ter confiado na marcação do GPS e avançado um pouco mais. Não só descobrimos que ainda estávamos longe da cachoeira, como também que poderíamos descer até um certo ponto, onde o rio ficava mais calmo em uma das margens e de lá, novamente por terra, tentar chegar até a cachoeira. Resolvemos voltar e então avisar os companheiros as nossas descobertas.

Nesse meio tempo, consegui abrir caminho pela vegetação espinhosa da margem esquerda do rio, chegando até onde Ernesto e Leonardo haviam encostado. Encontrei Érica e a esposa do Leonardo, sentadas por ali. Tentei seguir a trilha dos meninos mas perdi os rastros deles depois que deixaram a margem do rio e seguiram pelo meio do pasto.


No caminho de volta, Ernesto ficou imaginando se estava tudo bem comigo, o que havia acontecido, já que não escutamos sua voz após nossa parada. Talvez tivesse sido melhor fazer contato com a equipe antes de sair explorando o terreno.  Na volta para o porto seguro descobriram que eu havia ficado preso com o caiaque no meio da galhada num ponto mais atrás e estava bem. Felizmente todos estávamos bem, talvez um pouco amedrontados, mas nada de ruim havia acontecido, com exceção de um remo que foi embora na bagunça. Um novo desafio começou a se estabelecer a partir do momento que imaginamos como iríamos tirar o meu caiaque do meio das galhadas. Uma das soluções era esvaziar o caiaque e sair por dentro da mata até o lugar seguro, onde o inflaríamos novamente. A outra opção era passar pelo meio das galhadas, de forma controlada, em meio ao nervoso rio. Essa segunda opção era a mais rápida, porém a mais complicada. Ernesto resolveu encarar bravamente a segunda opção, munido de colete salva-vidas e o eu com uma grande corda. Ernesto foi primeiramente rebocando o caiaque até um ponto onde seria possível subir nele e tentar sair do local de forma segura. A água do rio nesse ponto estava muito forte e eu ia apoiando nos cipós que encontrava para conseguir levar o caiaque. Ao chegar num ponto que consideramos ideal, subiu no caiaque e amarrei uma grande corda nele, essa corda seria segura pelo Paulo até eu sair de um ponto de galhadas e ter total controle do caiaque. Foi o que ocorreu e felizmente conseguiu passar incólume e chegar ao remanso onde o resto da turma estava. 


A foto não consegue expressar a tensão dessa parte do rio.

Conversamos por algum tempo e resolvemos seguir viagem até chegar na parte do rio onde era seguro parar. Nervos a flor da pele, algumas discussões aconteceram por conta do medo que insistia em imperar, nessas discussões Ernesto e Erica discutiram porque ela não quis descer um pouco mais onde havia uma parada. Insistiu em ficar em um ponto onde era mais difícil sair, e foi andando a pé pelo meio do mato, e ele, com um caiaque de duas pessoas e um de carga amarrado atrás foi deixado a própria sorte preso a alguns galhos que teimavam em me agarrar. Num surto de raiva remou com toda força e conseguiu se livrar daquela galhada, chegando ao ponto onde queria parar. Nesse momento, todo reunidos, eu, Ernesto e Leonardo fomos em expedição procurar a temida cachoeira enquanto as moças ficaram indefesas na beira do rio, a espera dos maltratados em busca de informação. 

Andamos durante um bom tempo pela margem do rio, atravessando brejos e pequenos córregos e também no pasto. Em uma dessas caminhadas pelo pasto, eu fui surpreendido por uma cascavel que avisou com seu guizo de que estava na área e não queria confronto. A cobra  partiu em fuga pelo mato, sumindo em poucos segundos. Continuamos a caminhada, meio temerosos com a possibilidade de novas cobras. Por sorte não avistamos mais nenhuma. Após a chegada em uma praia, tiramos uma foto do rio revoltoso, pouco antes da cachoeira. Na praia havia bastante garrafas pets, resultado do lixo jogado em Goiânia que viaja por vários quilômetros dentro do rio. O barulho no local era muito alto, o volume de água era enorme, sabíamos que estávamos chegando, mas ainda faltava mais caminho a percorrer.


 Quando estávamos no meio do mato conseguimos avistar a tal cachoeira. As águas do rio, violentas no local mostrava que existia razão para temermos aquela cachoeira, que apesar de não ter os 4 metros de altura como havia sido dito, possuía uma imagem que nos provocava ao mesmo tempo medo  e admiração. Depois de fotografarmos o local e olharmos um pouco como era a cachoeira e o rio logo  a  frente, chegamos a um pequeno rancho onde ficamos pensando o que fazer naquela situação. Teríamos que voltar e como já estava começando a ficar um pouco mais tarde não optamos por voltar pela margem e sim seguir uma estrada que, embora mais longe, provavelmente chegaríamos mais rápido e seria menos perigoso por conta de animais peçonhentos. 

Devido à cheia do rio, a falada queda da cachoeira estava encoberta, o que 
produzia ondas e um som assustador.


Logo no início de nossa caminhada nos deparamos com um grande lamaçal no meio da estrada. Eu pisei em um grande espinho de tucum, um tipo de palmeira com grandes espinhos, que passou até pela sola da minha sandália. Depois de sairmos de dentro da mata e caminharmos bastante houve uma divergência entre o Eu e o  Leonardo sobre qual caminho seguir. Eu dizia que seria melhor seguir a estrada até chegar até a uma fazenda e depois descer em direção a área onde havíamos deixado as meninas e todo o equipamento, evitando passar pela vegetação rasteira, brejos e matas (para evitar as cobras). Já o Leonardo achou que seria melhor seguir por um outro caminho que provavelmente era mais próximo, porém mais incerto. Após um certo mal estar, seguimos pelo caminho proposto pelo Leonardo. Durante nossa caminhada, em alguns momentos o caminho se tornava confuso e era preciso parar e analisar a direção a ser tomada. Tínhamos que nos apressar pois estava ficando escuro. Um momento tenso foi quando chegamos a um brejo e tivemos que atravessa-lo. Estávamos com sede e com fome. Em um certo ponto chegamos até um córrego que passava por uma espécie de vala, onde tivemos que pular. Continuamos até mais a frente. Começamos a gritar, chamando pelas meninas para ver a localização exata de onde elas estavam, pois desconfiávamos que elas estavam perto. Apesar de não ouvirmos resposta aos chamados, conseguimos chegar a uma estrada (que era por onde nós sairíamos se tivéssemos seguido o caminho que eu havia sugerido) que por sorte nos levou exatamente onde estava nosso equipamento, a Erica e a Cristiane. Já estava escurecendo e fomos buscar um local para passar a noite. Havíamos avistado um rancho na descida do rio quando estávamos buscando um remanso para a parada. Fomos caminhando até o rancho, passando por uma trilha limpa, que chegava numa estrada maior que subia por um pequeno morro até a chegada ao  rancho. 


A situação do nosso equipamento.

No rancho tentamos encontrar a pessoa que morava no local para podermos pedir autorização para ficarmos. Nesse meio tempo escutamos um barco descendo o rio. Como estávamos perdidos, sem nenhuma ideia de que ponto a gente se encontrava, corremos para pedir ajuda para o pessoal do barco. Descobrimos que um dos barqueiros era um pescador que havíamos cruzado com ele num ponto bem acima, o Sr. João. O pescador João parou o barco e veio conversar conosco. Ficamos meio receosos no início, quando não sabíamos quem era, mas depois nos tranquilizamos mais. O João nos ajudou a trazer os nossos caiaques até o ponto onde nós estávamos, pois, trazer os barcos por terra seria muito mais penoso. Depois nos ajudou a subir os barcos até o rancho, além de nos ter orientado a dormir na varanda da casa, na parte de fora, para nos protegermos melhor. Insistimos que ficaríamos em uma área coberta por uma grama, bem na entrada para a residência. João entrou no quintal da morada para ver se encontrava o morador, nesse instante se deparou com uma enorme cascavel, matando-a. Mais uma vez, o medo tomou conta da nossa equipe. Resolvemos acatar a ideia do pescador em montar nossas barracas na varanda da casa. Antes de ir embora, passamos pra ele o telefone de nosso amigo Renato, que estava em Goiânia e iria nos buscar num ponto muito mais abaixo para que o João avisasse que ele não precisava ir até o ponto marcado anteriormente, e para tentar nos resgatar no ponto onde estávamos. 

A segunda cascavel teve um fim trágico.

O pescador João então partiu e ficamos especulando se realmente ele iria ligar para o Renato e se iria voltar para nos resgatar. Naquele momento estávamos na mão do Sr. João. Montadas as barracas na varanda da casa, fomos preparar algo pra comer, tomar banho e tentar pegar sinal de celular para falar com alguém. O nível de estresse no acampamento estava alto, pequenas discussões começavam a todo instante, aquela situação não poderia continuar por mais que um dia.


Decidi pensar em um plano B. Eu iria ir caminhando até a cidade de Goiatuba e, caso o Sr. João não aparecesse, ele conseguiria orientar a ajuda até chegar a região. Não era uma missão nada fácil, primeiro, não havia referência sobre o lugar onde estávamos, segundo a distância era enorme, no mínimo 50 Km e não havia água nem alimento suficiente para fazer o percurso com segurança. A noite uma forte chuva caiu, por sorte estávamos na varanda e a chuva não nos afetou. Fomos dormir e aguardar pela chegada do dono da chácara, ou pelo menos o caseiro. Veio a madrugada e ninguém chegou, o dia amanheceu e novamente ninguém chegou. Logo pela manhã decidi colocar seu plano B em pratica e parti. A ideia era ir pedindo orientação pelo caminho, o que não foi fácil, pois quase não havia residências por aquela vasta região. Optei por seguir o rastro de um veículo. A chuva da noite anterior havia lavado o solo e aquele rastro era o único e devia ter sido feito provavelmente pelo veículo do leiteiro. Deu certo... depois de muito caminhar cheguei a uma residência, onde o pessoal já se preparava para almoçar. Após me orientar, continuei minha caminhada. A chuva voltou a cair, depois um sol causticante surgiu. Quando consegui atingir uma estrada asfaltada, já no período da tarde e tentar conseguir carona, desisti. A minha aparência não era das melhores e provavelmente ninguém iria ajudar um "maluco sujo e mal vestido".


Uma longa jornada a ser percorrida

Ficaram na chácara o Ernesto, a Erica, Leonardo e Cristiane na expectativa, pelo João e por mim. O dia então foi passando, providenciaram um almoço com alguns itens que encontramos na chácara e que estavam à vista, mandioca, arroz e macarrão, além de óleo que usamos para acender o fogo. Claro que depois deixaram um dinheiro no local para cobrir as despesas, além de algumas coisas que tínhamos e não iriamos precisar mais, como um saco de laranja e outros alimentos. 


Choveu bastante durante a noite e o nível dos córregos subiu.


O dia foi passando, foi chegando a tarde e a noite já apontava. Ernesto e sua equipe já estavam conformados que iriam ficar lá mais uma noite. Em um momento foram caminhar por uma estrada, de repente percebeu que seu celular estava com sinal. Tratou imediatamente de fazer uma ligação e falou com o Renato. Ele disse que já estava em Goiatuba e estava com o João que havia ligado pra ele e eles se marcaram de se encontrar na cidade. O João serviria como guia para o Renato. Perguntaram por mim e eles disseram que ainda não haviam me encontrado.


Aqui o caminho se dividia em três. Observem o rastro do veículo à direita.


Nesse momento, provavelmente eu estava na entrada da cidade, exausto da longa caminhada. Com fome e com sede eu me sentei próximo a um posto, pensando qual seria o próximo passo. Pouco tempo depois tive a grata visão de um carro parando ao meu lado... Renato e João vindo ao nosso encontro. Decidi ficar por ali mesmo, aguardando-os e evitando peso excessivo no veículo.


Obstáculos pelo caminho

A equipe que havia ficado na chácara estava na expectativa e a noite chegou. Esperando a chegada do pessoal avistaram uma luz, eram eles que vinham caminhando pela estrada, ficaram muito felizes com a chegada. Depois de cumprimentar e agradecer bastante o João e o Renato, disseram que os carros estavam a mais de 2 Km de distância, pois eles não conseguiram passar de uma porteira que estava trancada. Voltaram ao acampamento e as coisas já estavam todas prontas. Cada um foi pegando um pouco das coisas, sendo que o João pegou uma carga muito pesada. Ficaram impressionados e agradecidos, já que além de ter cumprido com a promessa que ele havia nos feito, ele os ajudou bastante até o último momento. Para chegar aos carros, foram caminhando por uma estrada totalmente escura, enlameada, e usavam apenas a iluminação de duas lanternas de baixa potência e carregavam bastante peso. Aqueles foram  2 Km super difíceis de transpor. 


Ao final da caminhada, ainda tiveram que pular a cerca para poder chegar aos carros que estavam sendo vigiados pelo nosso amigo Hugo que veio dirigindo um dos automóveis. Depois de colocarem a carga dentro dos carros, começaram a viagem de volta até Goiatuba. Perceberam que o carro já estava com o combustível na reserva. Estavam no meio do nada e teríamos que rodar uma distância de cerca de 60 km. O carro estava cheio e estavam dirigindo devagar por estradas que mais pareciam labirintos em meio a canaviais. Havia grande quantidade de lama e estavam com medo de atolar. 


Entrada de Goiatuba, para quem vem de Joviania.


Após muito rodar na estrada de chão conseguiram chegar na rodovia. Percorremos mais uma grande distância, com bastante subidas, pois havia uma serra para subir até chegar a cidade. Avistaram a cidade, já estavam perto, subindo, quando o carro começou a falhar, o combustível estava acabando. A subida então acabou, a estrada ficou reta. Avistaram um posto de gasolina bem a frente. Estavam com medo de a gasolina acabar. Ernesto ignorou um quebra-molas e chegando ao posto ainda errou a entrada, passando praticamente pela contramão. Finalmente entraram no posto e a partir dali viu que havíamos superado as maiores dificuldades. Me encontrei com eles no posto. Segundo o Ernesto, "estava num estado terrível. Mas nos disseram que mais cedo ele estava pior ainda, bem sujo, por causa do caminho que ele passou. Ele nos contou de sua odisseia em meio as estradas, sobre os caminhos que percorreu e a distância, cerca de 60 Km a pé num único dia".


Essa cachorrinha me fez companhia enquanto o resto da equipe não chegava. Ao fundo o posto de combustível.

 "Depois de todos reunidos, decidimos ir até uma pizzaria na cidade de Goiatuba. Depois de comermos a pizza, deixamos o Sr. João em sua casa, agradecemos por todo apoio e ajuda que nos deu, recompensamos ele e partimos de volta pra Goiânia, cansados demais, mas, no meu caso, eu não estava nem um pouco arrependido de nada que havia feito, na minha visão, uma aventura e tanto e, como disse o Paulo, aventura sem sofrimento é passeio!", disse orgulhoso o meu parceiro de aventuras, Ernesto.


Uma coisa é certa... ainda vamos ultrapassar este ponto passando por cima de toda aquela corredeira que nos amedrontou.


Ernesto, João (Pescador), Renato e Castilho


OUTUBRO DE 2011
O RETORNO

Érica, Castilho, Helena Bernardes e João (Pescador)

Passado o susto e o cansaço, em 2011 resolvemos voltar ao rio Meia Ponte, no município de Panamá (GO) para verificar a tal "cachoeira" que tanto nos assustou.

Ernesto e Castilho, na cachoeira do rio Meia Ponte
Com o rio baixo, seria o ideal para fazer uma boa observação do local, já que da primeira vez que chegamos ali o rio estava tão cheio que chegava a invadir as margens do seu leito.


A queda atravessa todo o leito, de uma margem à outra

Na época da cheia o local é assustador, ao contrário do que aconteceu na seca.