Livro onde todas as histórias aqui relatadas poderão ser apreciadas com mais detalhes. Link abaixo para download da versão digital em PDF.
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https://www.amazon.com.br/s?k=da+mata+atlantica+ao+xingu&__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&ref=nb_sb_noss
Há pouco, o Percinoto, meu amigo por cinquenta anos, companheiro de inúmeras andanças terrestres ‘’Mata Atlântica e Xingu’’, marítimas ‘’costa atlântica do Brasil e Caribe’’ e fluviais ‘’rio Xingu e rio Japurá na Amazônia’’ – aéreas não, pediu-me que, em complemento, comentasse as fotos que ele ficou de mandar para a FAP - Fundação Astrojildo Pereira... Elas foram tiradas, por conta própria, pelo neto paulistano Arthur Vahia, fotografo profissional, na Pousada do Suiá em Arraial do Cabo (RJ), quando lá esteve escondido da COVID 19.
Há pouco, o Percinoto, meu amigo por cinquenta anos, companheiro de inúmeras andanças terrestres ‘’Mata Atlântica e Xingu’’, marítimas ‘’costa atlântica do Brasil e Caribe’’ e fluviais ‘’rio Xingu e rio Japurá na Amazônia’’ – aéreas não, pediu-me que, em complemento, comentasse as fotos que ele ficou de mandar para a FAP - Fundação Astrojildo Pereira... Elas foram tiradas, por conta própria, pelo neto paulistano Arthur Vahia, fotografo profissional, na Pousada do Suiá em Arraial do Cabo (RJ), quando lá esteve escondido da COVID 19.
Por mais sugestão do Percinoto eu deveria me prolongar um pouco para
tudo ficar amplamente entendido.
Abordei, então, por interessante, a recente conquista do grande oco da
nossa pátria que é o Brasil central, até então completamente desconhecido.
A CONQUISTA DO BRASIL CENTRAL
A imensidão matrogrossense que seria explorada pela Expedição Roncador-Xingu
Para mim, tudo começou em 1943 quando meu pai, o fluminense Darcilio
Vahia de Abreu, largou o seu consultório e o cargo de cirurgião do famoso
hospital Miguel Couto da cidade do Rio de janeiro e se alistou como médico da
expedição Roncador-Xingu, criada pelo João Alberto Ministro Sem Pasta do
Presidente Getúlio Vargas. Foi uma longa e penosa marcha abrindo picada.
Dr. Darcilio Vahia de Abreu
Em seguida, foi criada a Fundação Brasil Central (FBC) destinada a
desbravar e colonizar (Educação, saúde e Transporte), o imenso oco desconhecido
e desabitado que era o Brasil central.
Na mesma época alistaram-se também o reconhecido médico sanitarista
Doutor Noel Nutels e ainda três ‘’braçais’’, desconhecidos jovens paulistas e
entusiastas – os irmãos Vilas Boas.
Dr. Noel Nutels (sem camisa) em atendimento aos nativos.
Naquela época o Brasil ‘’acabava’’ em Uberlândia (MG). De lá pra frente
havia apenas umas poucas pequeníssimas cidades e currutelas com exceção da
colonial ‘’Vila boa’’, ou melhor, a cidade de Goiás (Goiás velho).
Praça da República, atual Tubal Vilela, em Uberlândia.
Por sorte e por anos, pude desfrutar da retaguarda daquela expedição.
Minha primeira viagem, com 16 anos, foi para Aragarças em caminhão da FBC.
Partindo de Uberlândia foi uma penosa viagem de 19 dias em estrada feita com
enxada e picareta. Inúmeros longos atoleiros exigia a construção de estivas feitas com inúmeros paus colhidos no mato. Era um goiás desabitado. Fazendas ‘’retiros’’
muitos espaçadas umas das outras quase independente. Tinham de tudo. Fibras de
algodão e caroá eram fiadas. Daí, em simples máquinas de tecnologias secular
faziam-se tecidos. Usados para produzir vestuário muito rústico. Mil garrafadas
eram sua medicina e farmácia só não produziam duas coisas essenciais: agulha de
aço para costurar e sal para o gado. Saudosa jornada e educadora.
Travessia do Rio dos Bois, em Goiás, no ano de 1944, seguindo em direção a Aragarças (GO)
Depois fui a Xavantina num grande monomotor do Correio Aéreo Nacional que pifou por 3 vezes em dias intercalados necessitando socorro foram alguns pousos
em emergência. Por lá passei boa e intima temporada entre os recém apaziguados
Xavantes muito aprendi com eles riqueza e sobrevivência no Cerrado. Depois
‘’desaguei’’ no universo do rio Xingu. Após inúmeras viagens, algumas
sozinho naquele mundão só meu, me naturalizei ‘’Xinguano’’. Tudo em detrimento de
viagem ao exterior, jamais feitas apenas uma exceção ao Caribe no meu barco à
vela quando o Percinoto foi tripulante. Assim, no correr de anos amealhei um
cem número de utensílios de índios das etnias: Suiá, Trumai, Cajabi, Juruna, Caiapó, Waurá e Xavante. De todo esse material saliento uma canoa de 4 metros e
meio de casca de jatobá. Tecnologia milenar. Do tempo do machado de pedra que
não cortava, apenas dilacerava mas podia cortar a macia casca daquela arvore. O cerne
nem pensar. Todo esse material foi armazenado numa casa de praia em Arraial do
Cabo (RJ) que construí em 1970. Hoje é a Pousada do Suia. Tive muita sorte pois
passei por poucas e boas. Histórias de onças, contato solitário com índios
ainda ‘’brabos’’ (Suiás) mil histórias de caçador. Estou tudo relatando, não só
por um pouquinho de vaidade, mas principalmente para então pudesse convencer que é real
o que vou contar mais a diante só faço isso porque tenho testemunhas oculares
de indígenas ainda vivos. Vou aproveitar essa rara oportunidade para
clamar; o ‘’Brasil está secando’’.
A chuva é um ‘’produto’’ da
floresta não tem como negar. Não adianta superávites, dólar baixo, empregos e
outros progressos se não chover. Pouco adianta represas, açudes, caixas d’água,
reusos ou melhor usos. Não adianta. O nosso Sul e sueste há muito estão dando
sinais. Racionamentos são constantes comprovantes. As hidroelétricas e o
agronegócio muito sofrerão e finalmente irão ‘’pro brejo’’ ou melhor pro
deserto.
Não estou me referindo ao aquecimento global. Se tocar nisso choverão
‘’mil ataques e protestos’’. O nosso caso é particular só do brasil.
O homem, quer seja agricultor, pecuarista ou simples urbano não respeita
nada desmata até chegar as areias dos córregos e rios. Tudo para aumentar
estupidamente a área a ser explorada e gerar lucro. Os mangues por sua vez vêm
sendo devastado para dar lugar a construções. É um suicídio generalizado. Posso
afirmar tudo isso pela simples comparação dos níveis dos inúmeros rios que venho
transpondo por décadas sistematicamente. É simples ver que estão baixando cada
vez mais é de chorar constatar o tantos desníveis e seus resultados. O rio São
Francisco, tão comentado pela mídia está secando visivelmente a cada a ano
graças ao desmatamento sistemático de suas matas ciliares bem como a de toda a
sua bacia.
Vamos agora a ‘’conquista’’, que na prática foi feita de duas
maneiras. Aqui convém ressaltar que não sou formado em nada. Sou um simples observador.
Aragarças 1943 - Dr. Darcilio (em pé, o quarto da esquerda para a direita) no momento da chegada ao Brasil Central pelo Correio Aéreo Nacional (CAN),
com o avião canadense Nordwin.
Na primeira a FBC, conjuntamente com a FAB, semeou inúmeros campos de
aviação para apoio da rota aérea Rio-Manaus, primeiro passo para se ir aos EUA.
Na FAB havia um departamento com essa finalidade.
Em 1943, a FBC partindo de Aragarças ‘’ expedição Roncador-Xingu’’ fez
uma picada de aproximadamente 150 km ‘’em linha reta’’ com o destino o rio das
mortes. Chegando lá foi feito um acampamento-base (tudo de pau e palha do
mato).
Ministro João Alberto e outros contemplando o encontro dos rios Garças e Araguaia.
Hoje municípios de Aragarças (GO), Pontal (MT) e Barra do Garças (MT)
Hoje municípios de Aragarças (GO), Pontal (MT) e Barra do Garças (MT)
Com o correr do tempo se transformou em cidade, agora há a desenvolvida Nova Xavantina capital de município riquíssimo.
A expedição foi comandada pelo coronel do exército Vanique, ex-chefe da
segurança pessoal do presidente Vargas. Gaúcho rico em ‘’gauchadas’’ trouxe
vários amigos conterrâneos como funcionários. E pouco depois sumiram, acredito
para o sul.
Trabalhadores braçais abrindo picada.
A picada foi extremamente penosa, pois tinha que atravessar a fabulosa
mataria do rio Pindaíba, afluente do Mortes. Um imenso brejal quase
intransponível. Lá, agora, um sem número de pastos com capinzal monótono porem
rendoso. Para mim, que tristeza. De Xavantina a picada continuou rumo norte
verdadeiro. Eram feitos um campinho de avião atrás do outro com razoável
espaçamento cobertos por constante apoio de aviões leves, quando surgia algum
lugar com boas características então o campinho era aumentado. Para lá pequenas
partes de tratores eram levadas para depois montá-los. Acumulava-se gasolina de
avião – sangue vital de tudo. Assim, surgiram os seguintes campos permanentes
de grandes proporções agora com a FAB administrando: Aragarças, Nova Xavantina,
Jacaré (rio Kuluene), Cachimbo e Jacaré–acanga. Esses dois últimos já no Pará
o do Jacaré e chamado erroneamente de Xingu.
Travessia de animais no rio Pindaíba, então cercado por esplendorosa mata, entre Aragarças (GO) e Xavantina (MT).
Nesses campos dezenas de pousos em emergência foram efetuados salvando
centenas talvez milhares de vidas.
O CAN (Correio Aéreo Nacional) existe desde 1931. Foi mantido com fluxo
permanente por décadas em todo território nacional onde através de complicada
rede. Atendia um grande número de cidades ou mesmo pontos isolados. Na Amazônia
famoso hidroavião Catalina era o único grande socorro. O correio aéreo levava e
trazia médicos, dentista, enfermeiros, doentes, produtos farmacêuticos e mais
um sem número de utilidades indispensáveis para um povo isolado.
Dr. Darcilio, no carroção e Coronel Vanique no cavalo, na picada já alargada perto do acampamento de Xavantina.
A outra maneira de ‘’conquista’’ era a abertura de
estradas (responsabilidade da FBC).
Assim, o primeiro passo dado foi a estrada que liga Aragarças à
Xavantina, como já disse de uns 150 km. Foi feita com grandes adversidades pois
transpôs o imenso brejal do rio Pindaíba. Para se asfaltar ou concretar ocorreu
muito sacrifício, trabalho e altos custos. Levou anos.
Vista aérea do acampamento da expedição com ranchos de palha, onde seria fundada a próspera cidade de Xavantina (MT).
A fundação parou aí em Xavantina até 1965, quando foi criado um grupo de
trabalho a ‘’expedição Xavantina-Cachimbo’’. Teoricamente rumaria para Santarém
(PA).
Dr. Darcilio (com cigarro na boca) no grupo da picada inicial da Expedição que começou em Aragarças, chegando ao Rio das Mortes.
O grupo era constituído de vários setores de pessoal contratado ou com
funcionários efetivos da fundação. Eram os seguintes grupos: de abertura de
picada, de aviação (avião leve, com horas de voo para observar e dar o rumo da
estrada), terraplanagem com máquinas pesadas, de fábrica de manilhas, e
extração várias (cascalho, areia e madeira). Todo grupo tinha cozinha e
radiotelegrafia (radiotelegrafista, aparelho de radiografia sem fio, e gerador
de energia), de construção de pontilhões ou mesmo pequenas pontes (com o piso
de madeira de lei). Tudo isso esparramado naquele mundão. De início próximas,
depois distanciadas por dezenas de quilômetros.
Na precária pista de pouso feita próximo ao acampamento do Tatu Canastra (Capoto). Da esquerda para a direita: Pionim, Orlando, Chico Doido (piloto), Bruno (funcionário da FBC), Claudio, Pataku, Sergio Vahia e Clemente.
A orientação do rumo e de tudo ficava com o ‘’chefão’’ Enzo Pizano,
velho funcionário da fundação de alta eficiência. Sabia de tudo.
Entretanto, cerca de dois meses após o começo aquele ‘’chefão’’ se
demitiu, causando estupefação. Criou-se um problema, contratar um engenheiro
novo que teria de se assenhoriar de um universo complexo de conhecimento de
pessoal como de trabalho. Para mais complicar as administrações da fundação
deixava muitíssimo a desejar.
Membros da primeira expedição, nas proximidades de Xavantina
Eu como já um funcionário ‘’naturalizado’’ devido ter convivido muito
naquele universo desde novo tudo era fácil para mim. Fui chamado para
substitui-lo.
De início recusei veementemente pois perderia o meu ‘’viver’’ na picada
100%.
Depois de muita negativa cedi.
Passei a conduzir tudo. Eu não tive dificuldades pois conhecia o pessoal
quase todo. O principal trabalho era dar o rumo da estrada. Qualquer erro resultaria
em desfazer trabalhos pesados. Que medo de errar.
Felizmente desempenhei tal função com êxito. Para isso voei muito,
primeiro se voava bem alto para ter uma noção geral do trecho a ser usado. Uma
vez escolhido o rumo se voava o mais baixo possível para procurar obstáculos
como brejos ou lagoas. Não havia elevações tudo muito plano.
Sergio Vahia, se sentindo em casa.
Na seca as máquinas pesadas trabalhavam quase dia e noite. Nesse
período, nossas roupas nunca secavam. Na chuva tudo ficava parado a não ser a
picada, a feitura da picada e outros pequenos trabalhos.
Após uns dois anos de trabalhos já perto de uns 400 km, o Ministro do
Interior, o general Albuquerque Lima mandou parar tudo imediatamente sem dar a
mínima explicação.
Como ele era o candidato mais cotado para a presidência da república
pensei que ele tinha se comprometido com os políticos de Cuiabá que queriam que
a estradas deles chegasse primeiro a Santarém. Décadas depois (que inocência)
descobri que o motivo se relacionava à ‘’guerrilha do Araguaia‘’. Fiquei muito
triste ao ver que a ‘’minha‘’ estrada estava fadada a ficar um beco sem saída.
Que fim!
Piloto Francisco Milhomem, conhecido popularmente por Chico Doido.
Como eu já desconfiava (não me lembro o por que) tal paralisação iria
acontecer estudei uma saída: rumar para as cidades de São Felix do Araguaia que
beira aquele rio. Eram mais uns 90 km. Mirei a sede da fazenda Suiá-Missu bem
próxima daquela cidade. A maior fazenda do mundo de propriedade do grupo Ometo,
o maior fabricante de açúcar do mundo. Mesmo destituído da função de chefe
continuei com ótima relação com todo o pessoal. Assim pude botar a picada com
as máquinas atrás até a citada sede. Cheguei praticamente a São Felix, uma
cidade que até então só se comunicava exclusivamente por via fluvial.
A estrada passou a ligar, com frutos imediatos, as duas cidades: São
Felix e Xavantina.
Dr. Darcilio Vahia com índios Kalapalos, no rio Kuluene.
Para tanto tive que dar uma guinada de mais ou menos 15 graus a leste.
Uma indiscutível e absurda indisciplina. Sua punição, porem invejável: retornar
ao Rio para a minha ‘’doce vita’’. Retornaria a minha função no banco central
de onde tinha sido requisitado pela segunda vez. Haveria, logo depois, uma
terceira, da mesma FBC que pertence juridicamente ao Ministério do interior. Na
estrada surgiram com o tempo várias riquíssimas cidades. São elas: Água Boa,
Ribeirão Cascalheira, Querência e Canarana. Isso além de viabilizar mais
progresso das duas cidades agora unidas (São Felix e Xavantina).
Só, anos depois, com a SUDECO (Superintendência do Desenvolvimento Centro
Oeste) a estrada voltou a ‘’andar’’. Orgulhosas pontes foram feitas sobre o rio
Araguaia, Garças e Mortes. As estradas rumando sempre o norte verdadeiro,
aquele novo órgão substituiu a FBC, extinta em 1968. O Governo Federal muito
ajudou. Então as estradas chegaram ate os confins do estado do Pará para
atender as novas e ricas cidades.
Com a febre de levar para o centro do país o governo, criou-se Brasília.
Trabalho monumental. Monumental é pouquíssimo. Não tenho palavras. Diante do
custo e consequências.
Daquele clima febril de construções surgiram as gulosas empreiteiras,
agora muito bem ‘’climatizadas’’, com o modo de agir bem elaborado. Um novo
financiamento e dinheiro fácil surgiram obras gigantescas sem motivo.
Um exemplo que posso dar foi a custosa pista de aviação e hotel de luxo
na ilha de bananal posso contar o por que, vários operários daquela obra são
meus conhecidos e amigos da FBC.
Andaime para a construção de ponte de madeira sobre o rio Areões.
Como disse na ilha de bananal foi construída uma grande e bem aparelhada
pista de aviação e um hotel de luxo como já disse, com o nome do nome do hotel
J. Kennedy que anos depois foi mudado para Juscelino Kubitscheck. Todos os seus
utensílios tinham marcada as letras ‘’J’’ e ‘’K’’.
Para essas obras todo o material foi transportado por aviões, uma vez
chegou lá um caminhão carregado de óleo diesel. O motorista perguntou onde
depositar o óleo. Como não tinha lugar nenhum o caminhão foi comprado na hora,
como deposito a bom preço desconhecidos sem nenhum controle. Que loucura. Por
essa passagem podemos imaginar o que acontecia naquela época. Três meses depois
da minha exoneração fui requisitado de novo, quem me deu posse pessoalmente foi
o citado ministro. No momento da posse perguntei ao ministro sobre a estrada.
Virou as costas e sumiu. Mal educado.
Fui ‘’obrigado’’ a chefiar a base Aragarças, não havia a mínima presença
do governo e nem prefeitura. Como chefe virei prefeito e delegado. Quase também
juiz de paz.
Sem picada nada me agradava, foi quase um ano e meio de muito trabalho
que não nos interessa agora abordar. Não vou me alongar por não haver mais nada
de interesse no nosso caso. O motivo agora é comentar foto que o Percinoto
mandou para a fundação. Mandarei mais algumas fotos que achei
interessante.
Jacaré abatido no rio Areões - Sergio e o índio xavante Morino - 1950.
A melhor ferramenta das expedições pelo Mato Grosso, o avião Cessna 170, prefixo PT-BUL
DESCANSANDO NO ACAMPAMENTO TATU CANASTRA:
Sergio Vahia
Orlando Villas Boas
Claudio Villas Boas
Travessia de máquinas pesadas e equipamentos através de balsa pelo Rio das Mortes, em Xavantina.
Líder da tribo, Pentotê, pai do atual líder Kuiuci.
Canoa da Expedição "ajojada" à canoa dos índios Jurunas - Sergio pilotando.
Kurumatá, mulher do Kamaiurá Takumã
Sergio em pose de artista de cinema.
A melhor ferramenta das expedições pelo Mato Grosso, o avião Cessna 170, prefixo PT-BUL
DESCANSANDO NO ACAMPAMENTO TATU CANASTRA:
Sergio Vahia
Orlando Villas Boas
Claudio Villas Boas
Sergio Vahia com criança indígena.
Alguns membros da equipe da Expedição Xavantina-Cachimbo:
Sergio e Raimundo "Sonhador"Grupo de expedicionários da Expedição Xavantina-Cachimbo.
Sergio orientando tratorista durante trabalhos de abertura de estrada.
Travessia de máquinas pesadas e equipamentos através de balsa pelo Rio das Mortes, em Xavantina.
Duas fotografias emblemáticas tiradas em uma elevação da região do Capoto. A primeira foto foi usada como capa do livro de Sergio. Na foto de baixo, aparecem Claudio, Pionim, Brecoché, Orlando e Raoni.
Os índios Suiás:
Índios Suiás ainda curiosos com a chegada inesperada do branco "atrevido" (Sergio).Líder da tribo, Pentotê, pai do atual líder Kuiuci.
Kuiuci, em 1959, atual "chefão" da tribo Suiá.
Sergio Vahia garantindo o almoço, após subir o rio Arraias por 15 dias.
Canoa da Expedição "ajojada" à canoa dos índios Jurunas - Sergio pilotando.
Kurumatá, mulher do Kamaiurá Takumã
Sergio pilotando barco feito com chapas de aço no rio Kuluene (1953)
MARCAÇÃO DO CENTRO GEOGRÁFICO - 1958
O marco.
Observem o cipó enrolado em volta do marco.
Foi a trena de medida usado para fazer os cálculos durante
a expedição. Do rio Xingu ao Centro Geográfico são 18,2 km.
Orlando e Franklin
Sergio Vahia.
Raoni (com 18 anos) e Pszaká Juruna
Adrian Cowell e Chileno, na Expedição do Centro Geográfico (1958)
Orlando e o cachorro "Alemão", que dias depois foi vítima de um ataque de onça.
Sergio dando rumo à picada.
"Matando o pau e mostrando a cobra"
Sergio com sua "jibóia" exposta, na picada do Centro Geográfico.
Raoni, garoto propaganda da ESSO.
Por oportuno, aproveitando esta rara oportunidade de me expressar, relato trecho do meu livro (Da Mata Atlântica ao Xingu) intitulado "Água" a propósito da abominável seca que o Brasil esta passando. Na Amazônia grupos organizados, ou não, fazem o que querem tomando posse, desmatando, queimando e envenenando as águas com mercúrio (nos garimpos de ouro).
É uma terra de ninguém, ou melhor, só deles, pensem bem.
A chuva no Brasil é uma decorrência indiscutível das florestas.
A base de todos esses crimes e outros "suicídios" é somente ela: a impunidade que tudo garante.
ÁGUA
(Páginas 279 a 283)
É indiscutível a visível mudança climática. E para bem pior. Estamos esquentando inexorável e perigosamente, não há dúvidas.O retorno está cada vez mais problemático, pois exigirá grandes e difíceis mudanças socialmente traumáticas. Será muito utópico um consenso mundial.
Ninguém quer abrir mão das envolventes e gostosas benesses da modernidade e das tecnologias. Nem eu.
A água está escasseando de maneira bem clara. Diversas regiões da nossa terra estão se desertificando. Geleiras eternas estão se derretendo. Agravando, ainda mais, a explosão demográfica nos últimos dois séculos, implica em mais produção de alimentos, o que requer maiores áreas destinadas à agricultura. Isso quer dizer mais desmatamento. Com menos florestas, teremos menos chuvas. Tudo isso é óbvio e ululante. Sem querer fazer trocadilhos: estou querendo fazer chover no molhado.
Continuando o meu alerta. De nada adiantam os progressos econômicos e as benesses sociais se daqui a pouco não houver mais água. Não resolvem totalmente as caríssimas instalações de reuso, represas, barragens e caixas d'água. Se não chover não haverá água para enchê-las Eu, desde jovem e até hoje, venho cruzando sistematicamente por terra este nosso Brasil. É natural que, ao viajar ao Centro-Oeste e Sueste, tenha acompanhado as mudanças havidas na paisagem no decorrer das últimas décadas (desde 1944). Sempre que passo por uma ponte ou mesmo um simples mata-burro, saboreando a natureza, avalio tudo sem querer, principalmente as matas ciliares (a base de quase tudo isso), além de outras matas, cerrados, pastos, lavouras, etc. Em fevereiro de 2014, fui de automóvel a Xavantina, fazer parte da Festa Anual da Associação dos Pioneiros da Marcha para o Oeste, da qual faço parte. Na volta, ao passar pela longa ponte sobre o rio Paranaíba, divisa do estado de Minas Gerais e Goiás, vi com grande pesar o volume ínfimo das suas águas. Fiquei chocado. Aquilo era uma triste amostragem do que está acontecendo em toda a região. Nunca tinha visto tamanha secura. Diversas praias surgiram. Passo por ali há anos. Mais uma seca sem igual e poderemos substituir a ponte por um mata-burro.
Mata ciliar reduzida a um pequeno filete de árvores, insuficiente para cumprir o seu papel de proteção.
A intensidade e a velocidade do desmatamento, sem sombra de dúvida, representam suicídio bem próximo de boa parte de nossa espécie. É natural que todo empresário queira lucrar o máximo. Os ocupantes das terras não são exceções. Estes, na ânsia de extrair mais e mais, ficam cegos pela ganância e desmatam tudo. Para ganhar um pouco mais, percentualmente inexpressivo, atropelam também a matas ciliares, qualquer que seja o tamanho do rio, córrego ou mesmo "olho d'água". Uma verdadeira loucura.
Estão acendendo o pavio de bomba de retardo debaixo dos seus rabos. Em breve eles e os seus filhos ficarão sem água, contribuindo assim para a secura geral. Tal cegueira tem explicação, em uma teoria que criei: quando o olho de uma pessoa cresce visando algum expressivo e sonhado prêmio, a cabeça passa a não entender mais nada. Só vê o lucro. Ficam completamente anuladas a razão, a inteligência, a cultura e a malandragem, nada mais funciona. Só o prêmio passa a interessar. São criadas confiantes justificativas. É incrível. Resumindo: quando o seu olho crescer, cuidado.
É importante entender que os rios não possuem água própria. Eles se nutrem quase totalmente dos milhares de riachos que coexistem nas suas bacias. Estes, por sua vez, nascem em modestos olhos d'água. Tais diminutos desmatamentos de pequenas propriedades, multiplicados por alguns milhares, juntamente com o volumoso, insensato e criminoso desmatamento da floresta amazônica vem provocando, agora, de forma inequívoca no sul e sueste do Brasil, agora com grande foco no estado de São Paulo, seca nunca vista com consequente falta de água nos reservatórios. Estamos caminhando inevitavelmente para o caos. Lembremos da nascente do nosso amado e histórico rio São Francisco, recentemente expostas na mídia. E agora a desgraça ocorrida na bacia do Rio Doce. Eu quase chego a chorar. Não é pra menos.
Com muita saudade, me lembro que há bem poucas décadas, entre os meses de dezembro e março, chuvas e chuviscos se revezavam ininterruptamente, dias e noites, por semanas. Era costume se dizer "está invernando". Quanta água e quanto verde celebrando a natureza. A cidade de São Paulo era conhecida como "a terra da garoa". Hoje ninguém mais sabe nem o que é garoa. Nada mais disso veremos graça ao "olho grande" do nosso infeliz e ignorante povo, que sofre de "lavagem cerebral" orquestrada por uns poucos loucos e vendidos. Sem saberem, se suicidam também.
Os urbanos, naturalmente enclausurados nas suas cidades, não tem como acompanhar bem tais mudanças. Que sorte (ou azar). O que os olhos não veem, o coração não sente. Agora, parece que estão começando a desconfiar. Já era tempo. Para reverter o nosso quadro trágico e simples, porém utópico. Primeiro seria acabar com o desmatamento da Amazônia e com a corrupção que anula qualquer fiscalização. Segundo, obrigar os ocupantes do resto das terras a reflorestar aos poucos, mas de maneira contínua, obedecendo metas obrigatórias. Tudo isso com incentivos, orientação e outros instrumentos a serem criados e aperfeiçoados. As matas ciliares e nascentes dos córregos teriam prioridade.
Ultimamente tenho visto documentários na TV a cabo, sobre casos de recuperação de riachos e olhos d'água que passaram a produzir água para os seus benfeitores. A recuperação é simples, retira-se todo o capim existente e cerca-se tudo para o gado não pisotear o solo. O resto é só esperar e deixar por conta da natureza. Em poucos anos a área se recupera bem.
Também vi documentários sobre recuperação de mangues, cujo procedimento é limpar, plantar e semear sementes e esperar. Após uns quatro a cinco anos surge um novo mangue, com 4, 5 metros de altura, indispensável berçário de um sem número de seres marinhos que representam a saúde dos oceanos, vitais para nós humanos.
Além dos casos documentados na mídia, pode-se ver na orla da lagoa Rodrigo de Freitas, ao lado do Copacabana, no Rio de Janeiro, mangues que ressurgiram com vitalidade, após trabalhos sistemáticos de grupos de entusiastas. Possui até vários bandos de capivaras. Há também recuperações em pequenos trechos no fundo ba baía de Guanabara.
A nossa esperança é que a mentalidade dos nossos políticos e ruralistas despertem e tomem medidas imediatas e efetivas, inicialmente as que dizem respeito à conscientização geral, que seria o primeiro passo para a solução. E isso enquanto há tempo, caso contrário o nosso Titanic afundará com uns na primeira classe e outros na terceira, com direito à orquestra tocando no convés uma conhecida marchinha carioca de Carnaval. "É hoje só, amanhã não tem mais". Tudo isso graças às pessoas ignorantes induzidas e enganadas, que votam em políticos omissos ou àqueles que se vendem e ruralistas que tudo veem e entendem, mas por ganância não querem enxergar a realidade. O pior cego é aquele que não quer ver.
Por falar em água, voltemos ao rio Xingu, no seu Parque Indígena. Lá, de uns tempos pra cá, os índios sob pena de contrair doenças sérias e exóticas, estão impedidos de beber suas águas. Estão contaminadas por produtos tóxicos de centenas de córregos da sua bacia, que estão por sua vez cercados por vastas plantações de monoculturas, onde defensivos agrícolas acabam indo parar no leito dos rios e riachos, e por fim no Xingu.
A saúde do ambiente e de todos os humanos e animais daquela bacia sofre,m paulatinamente. Já se encontram em níveis inaceitáveis de toxidade. É preciso lembrar que a caça e a pesca é a principal fonte de alimentação dos índios.
Para contornar o problema, em quase toda a aldeia indígena existem poços artesianos cavados mata adentro, longe das margens daquele grande rio.
FLORESTA DA TIJUCA (REFLORESTAMENTO)
Encravada na cidade do Rio de Janeiro, encontramos o maciço da Tijuca, contra-forte da Serra do Mar, que acompanha quase toda a nossa costa oceânica. Nela existia exuberante mata pertencente à conhecida Mata Atlântica. Foi totalmente derrubada para o plantio de café e cana-de-açúcar, com o surgimento de várias fazendas. Das suas encostas desciam fartos ribeirões, fornecedores principais das águas da cidade. Entretanto, no final do Império, as águas começaram a escassear. O caos hídrico era iminente. Em 1861, D. Pedro II, para recuperar o abastecimento, contratou o major Archer para reflorestar toda a área. O imperador, inteligente, culto e interessado em modernidades, foi o nosso primeiro ambientalista efetivo, acredito.
Antiga entrada da Floresta da Tijuca. A região foi desmatada no início do Século XVIII com o cultivo do café e cana-de-açúcar, a exploração de lenha e carvão. O período de maior devastação foi no início do Século XIX, em 1820, quando, de acordo com os dados históricos do Parque, propriedades com lavouras que tinham entre 5 e 100 mil pés de cafés se instalaram na região.
O major, com mais 13 escravos diretos, plantaram cerca de cem mil mudas no decorrer de 13 anos. Cobriu, com sucesso, aproximadamente 4 mil hectares. Com o tempo ressurgiu extensa, rica e nova mata Atlântica (secundária), com monumental vegetação e grandes árvores. Seria interessante para as pessoas que não a conhecem, fazer uma visita a ela. É impactante demais. A Mata Atlântica tem um sabor único, inigualável. É a maior floresta urbana do mundo, conhecida internacionalmente como Parque da Floresta da Tijuca, exemplo vibrante de reflorestamento. Um tesouro carinhosamente louvado e conservado pelos cariocas.
O Cristo Redentor é um dos monumentos que atrai os 2 milhões de visitantes anuais do Parque Nacional da Tijuca.
Parabéns Sérgio pelo documentário e principalmente por continuar a ser parte integrante como cuidador, que nos altos dos seus 90 anos ainda se dispõe a informar e alertar que sem natureza não há vida .
ResponderExcluirParabéns Sérgio pelo documentário e principalmente por continuar a ser parte integrante como cuidador, que nos altos dos seus 90 anos ainda se dispõe a informar e alertar que sem natureza não há vida .
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