Apesar de se tratar de um documentário de 2018, infelizmente o assunto é muito atual, pois aborda o desmatamento dos biomas brasileiros. Ser Tão Velho Cerrado, disponível na plataforma de streaming Netflix, nos mostra e sensibiliza para as causas da cerrado brasileiro, o bioma mais devastado do país, segundo o filme.
A maneira que o diretor André D'Elia optou por contar a história e apresentar a diversidade de pontos de vista é muito interessante. O filme apresenta discursos intercalados de especialistas, como engenheiros ambientais, cientistas e ambientalistas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Outras perspectivas divergentes também são mostradas: os ruralistas e representantes de mineradoras aparecem tentando justificar o desequilíbrio gerado pelas práticas que vem destruindo a região. A população local também tem voz, o Quilombo Kalunga tem um papel muito importante no documentário, pois os relatos dos moradores acabam criando uma linha temporal, alertando para o estado da região antes e depois da aparição do agronegócio.
Um fator interessante que agrega na conexão dos discursos são as pequenas intervenções de Juliano Cazarré e Valéria Pontes, que sutilmente acrescentam observações que às vezes complementam e em outros momentos contradizem o que foi dito no discurso anterior, principalmente em dados falsos que são apresentados nos depoimentos dos ruralistas.
O filme nos contextualiza historicamente na formação concreta do Cerrado (Ser Tão Velho), que data 45 milhões de anos, sendo de extrema importância para os biomas que o circundam. Atualmente, o Cerrado se encaixa na categoria de hotspot, expressão utilizada para se referir a áreas de grande biodiversidade animal e vegetal, e que apresentam alto risco de extinção. Portanto são regiões em alerta, que precisam de atenção urgente e da criação de programas para a proteção da fauna e da flora local.
Além do alerta para a conservação vegetal e animal, há também outra questão muito discutida no documentário: a água. Devido a posição e ao relevo em que se encontra, o Cerrado tem um grande número de nascentes que escoam água para todas as regiões do Brasil. A maioria das nascentes de grande rios e bacias brasileiras partem do Cerrado, fornecendo água para rios como o São Francisco, Rio Xingu (Bacia Amazônica) e Rio Paraguai que forma a Bacia do Rio da Prata e abrange o Paraguai, o Uruguai e a Argentina. Além disso, o Cerrado também abastece diversos aquíferos, sendo o mais famoso deles o Aquífero Guarani.
A principal informação que o documentário busca passar é a necessidade de combate a indiferença do governo para a destruição desse bioma único no mundo que é o Cerrado. O filme é uma possibilidade de conscientizar a todos que não estão atentos sobre essa devastação ambiental, e gerar reflexões e debates nas escolas e universidades.
Ficha Técnica:
Ser Tão Velho Cerrado
Diretor: André D'Elia
Ano: 2018
Duração: 96 Minutos
Gênero: Documentário
Ano: 2018
Duração: 96 Minutos
Gênero: Documentário
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