quinta-feira, fevereiro 11, 2010

O BARCO DE SERGIO

SUIÁ, UM SENHOR VELEIRO

Por Coronel Lício

Suiá em reforma - Novembro de 1978

Um dos barcos mais polêmicos da Marina da Glória (baía de Guanabara, Rio de Janeiro) é, sem dúvida, o Suiá; mesmo velejadores que nunca saíram barra a fora, opinam sobre as qualidades do barco, levando em consideração apenas o aspecto rústico de suas obras mortas (parte acima da linha - d'água, a parte que se avista do casco quando flutuando).

 


Hoje, o Suiá está em Miami, para onde foi velejando, após uma longa permanência no Caribe, Bahamas e Triangulo das Bermudas e está em preparativos para fechar o circuito passando pela Europa, Mediterrâneo, África e ilhas do roteiro normal de volta, seguindo os ventos girantes dos dois hemisférios.

 


Nele, fizemos inúmeros cruzeiros pelo litoral brasileiro, Abrolhos, Fernando de Noronha, Natal, Recife, Maceió, Salvador, Florianópolis, etc., tudo sem o menor incidente, livrando o mau tempo sempre de maneira tranquila, própria de um bom barco.

Recife-PE

O Suiá foi construído pelo seu proprietário e comandante há mais de quarenta anos, em madeira. Depois, revestido com fibra de vidro em camada tão espessa quanto à do casco original; já trocou o motor, instalando um MWM de 4 cilindros, novinho; trocou a mastreação (grande e mezena) para de alumínio, mandou fazer velas novas, equipamento eletrônico completo, dotando-o para uma volta ao mundo. Após realizar inúmeros cruzeiros a Angra, Cabo Frio, Santa Catarina, Vitória, Abrolhos e litoral nordeste do Brasil, ajustando tudo e tirando os defeitos, vazamentos, goteiras, etc., deu início aos longos percursos: Trindade, Noronha e costa nordeste. Percursos longos e demorados, sem compromisso com o tempo.

 

Tito, Lício (camiseta branca) e Guga, nas proximidades da ilha Fernando de Noronha.

Em seguida, Caribe e Miami, passando pelas Bahamas e Triangulo das Bermudas, pelo canal de New Providence, durando o percurso mais de sete meses. Nesse fantástico cruzeiro, não pude ir. Foram, além do skipper Sérgio, o filho Tito (que permanece lá com o veleiro em Miami), o Percinoto e o Mário. Fizeram a perna Noronha – Tobago direta (duas mil milhas sem ver terra), em 20 dias de empopada fantástica, passando com lazeira de 100 milhas da foz do Amazonas.

Pelos mares do Caribe.

Suiá é o nome de uma tribo de índios, que o Sérgio estabeleceu o segundo contato com o homem branco, o que realizou sozinho sem pertencer a nenhum órgão indigenista.

 

Sergio Vahia, o pescador de lagostas - vestido a caráter.

Na realidade, o barco vale pelos cruzeiros que já realizou; não há como deixar de reconhecer. Um barco de oceano que nunca velejou por alto-mar, em travessia, não está completo, realizado. Ou nunca foi e está em preparativos para ir, ou o comandante se acomodou, perdeu o trem da oportunidade...