Breves notas sobre a expedição
11 de Outubro de 2008
Cheguei ontem do acampamento base aqui em Sao José do Xingu. Já fizemos a picada de 18,2 km. Eu, o Tito (filho de Sérgio Vahia) e mais dois índios Metuktire: Kokokuenti e Kiabieti. Começamos na segunda-feira, dia 6 e terminamos no sábado, dia 11, às 12 horas. Outros índios também participaram de feitura da picada mas no meio da viagem voltaram para o acampamento base. Na sexta e sábado só comemos carne de macaco assado acompanhado de uma pequena marmita de farinha e arroz. A remarcação do Centro será só no dia 20, data em que o cineasta Adrian Cowell vai chegar aqui no Xingu. Vão estar presentes à solenidade o Sérgio Vahia que esteve lá em 1958, o cacique Raoni, o cacique Megarom, entre outros. O marco de alumínio vai chegar no dia 17 aqui em São José do Xingu. Provavelmente o prefeito eleito daqui também irá. Oportunamente enviarei mais notícias. Abraços a todos,
Percinoto
Jornal de Canarana publica artigo sobre expedição em sua passagem pela cidade.
Também foi ao ar, pela rádio local Araguaia, um artigo com o idealizador da expedição, Sergio Vahia.
Queremos agradecer aqui a atenção que nos foi dada pelos dois veículos de comunicação daquela cidade, especialmente ao editor/fundador do Jornal pela sua visão empreendedora.
A EXPEDIÇÃO 'CAMINHA' EM PASSOS LARGOS!!!
por Paulo Castilho
Chegamos por volta das 21 horas do dia 28 de Setembro no porto da aldeia dos Kuikuros. Descarregar o caminhão, montar acampamento e preparar a primeira refeição do dia deu um certo trabalho. Fomos dormir por volta de duas horas da manhã do dia 29.
Às quatro horas da manhã o grupo começou a se dividir. O caminhão (com o "Gaucho" Cleber no volante) e a Van, com Almir ao volante e eu de carona, iniciamos viagem de volta para Goiânia. O resto da equipe ficou e começaram os preparativos para descer o rio Kuluene naquele mesmo dia (dia 29 de setembro).
O excesso de carga foi um trabalho a mais e causou certos transtornos para serem alojadas nos barcos.
No dia 1° de Outubro eles chegaram em Diauarum, já no rio Xingu, onde estava acontecendo a CONFERÊNCIA DE PAVURU, organizada pelo Ministério da Saúde.
Estavam reunidos ali os principais caciques do Xingu, entre eles Aritana, Megaru, Kuiuci, Melobu, Jacalo e outros.
A recepção à equipe foi excelente e Sergio Vahia foi aplaudido por todos.
Enquanto o combustível não chegava ao posto de gasolina de Canarana, eu e Airá travamos uma "feroz" luta. Era tudo de brincadeira mas o amigo índio tentou me jogar no chão.
No dia 3 a equipe já se encontrava na balsa da rodovia 080, que liga Cuiabá a Santarém, próxima de São José do Xingu. Mais quarenta quilômetros rio abaixo e a equipe chega ao ponto onde a picada terá início. Daí então serão mais 20km mata adentro até o Centro Geográfico.
Uma recepção muito agradável na primeira aldeia, local onde existe uma ponte de difícil acesso.Eu já estava me sentindo em casa.
Sergio em entrevista ao jornal "O Pioneiro", de Canarana. Ao seu lado estão Airá e eu (Paulo Castilho)
Fotografia tirada na primeira aldeia dentro do Parque do Xingu. Ao meu lado estão Odone (Rio de Janeiro) e o cacique da tribo.
A AVENTURA CONTINUA
Tito, indio Ialapiti (Airá) e Castilho-25.setembro
Almir, motorista da Van, em Água Boa
Sergio Vahia, Deonildo, Odone e Chico Paixão - Água Boa, cidade bonita e moradores camaradas - 24.setembro
Entrada da cidade de Água Boa - 24.setembro
TEM INÍCIO A NOVA EXPEDIÇÃO DE REMARCAÇÃO DO CENTRO GEOGRÁFICO
Próximo de completar 50 anos de sua primeira ida ao Centro Geográfico do Brasil, Sergio Vahia encara novamente a aventura. A nova expedição, organizada por ele durante estes dois últimos anos, partiu de Brasília no dia 20 de setembro.
Iremos postar aqui as fotos que documentam este momento histórico
Expedição dos "sobreviventes"
faz a remarcação do centro
geográfico do Brasil
ANA GARDÊNIA
O grupo que vai fazer a remarcação do Centro Geográfico do Brasil passou por Barra do Garças (MT), Pontal do Araguaia (MT) e Aragarças (GO) neste 22 de setembro. Visitou pontos de onde se aprecia a mudança da paisagem, como o mirante no topo do Cristo. A equipe gravou imagens do Vale do Araguaia hoje, a comparação com o passado poderá ser vista no documentário que comemora os 50 anos da Expedição que demarcou a coordenada do coração do Brasil.
Uma aventura em dois diferentes momentos do tempo, mas no mesmo território. Três integrantes que participaram da Expedição Roncador-Xingu estão fazendo agora o mesmo trajeto que demarcou o centro do país. A Expedição Remarcação do Centro Geográfico do Brasil vai percorrer 1,6 mil quilômetros entre Brasília, Goiás e Mato Grosso, refazendo o mesmo caminho de 50 anos atrás. Sérgio Vahia de Abreu, o escritor, ambientalista e documentarista inglês Adrian Cowell e o índio Raoni Metuktire, líder dos Caiapós, que na época tinha 18 anos de idade, são os três integrantes da Expedição Roncador- Xingu ainda vivos, dispostos a contar e fazer mais história com a nova aventura.
A Expedição Roncador-Xingu foi uma estratégia comandada pelo Governo Getúlio Vargas para ocupar o Centro-Oeste brasileiro, bastante vulnerável aos invasores estrangeiros na década de 40. Um grupo de pessoas lideradas pelos irmãos sertanistas Orlando e Cláudio Villas Boas, comandou a missão de abrir estradas e levar educação e saúde aos habitantes da região pela Fundação Brasil Central (FBC), criada em 1944, depois denominada Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
A Expedição Roncador-Xingu começou em 1943 e terminou em 1958 com a marcação do Centro Geográfico, a aventura teve início em um pequeno arraial de garimpeiros às margens dos rios Garças e Araguaia, onde hoje estão as cidades de Barra do Garças (MT) e Aragarças (GO), na divisa entre os dois Estados. Entre os integrantes do antigo grupo, um geólogo, um jornalista, um turista inglês, um chileno, três funcionários da FBC, cinco índios de várias tribos e Sérgio Bacelar Vahia de Abreu, hoje com 80 anos de idade, filho do médico e pioneiro Darcílio Vahia de Abreu, que integrou a Expedição Roncador-Xingu de 1943 a 1950, quando faleceu. Desde os 17 anos, Sérgio passava férias com o pai. "Ele me deixou muitas amizades. Não cobrava nada de ninguém.
Eu integrei a Expedição seguinte no rastro dessas relações que ele construiu”.
Meio século depois, o aposentado Sérgio Vahia que foi inspetor do Banco Central resolveu voltar ao percurso por pura satisfação pessoal. Acostumado a se embrenhar mato adentro nas várias vezes em que visitou a região, conta que encontrou os mapas e as coordenadas da primeira Expedição num baú que estava na casa da família em Cabo Frio (RJ). “Papai morreu em 1950, em 1958 fui chamado pelos Villas Boas para ajudar na Expedição do Centro Geográfico do Brasil, a pedido de Juscelino Kubitschek. Na época com 30 anos estava com toda a força, só na última caminhada foram mais de 300 quilômetros a pé. Demarcamos o Centro em 14 de outubro de 1958 e agora vamos remarcar o Centro. Só eu sei onde é o Centro Geográfico, tenho todas as coordenadas”.
DOCUMENTO DA HISTÓRIA
A nova Expedição segue a trilha da primeira, saiu de Brasília (DF) no dia 17 de setembro, passando por Goiânia (GO), Aragarças (GO), Nova Xavantina (MT), Canarana (MT), Sayonara (MT), Rio Kuluene (MT), Rio Xingu (MT) e Posto Indígena Leonardo Villas Boas no Alto Xingu (MT). “Este foi o caminho da Expedição Roncador-Xingu. Dali continuaremos o caminho da marcação de Centro Geográfico feito em 58, quero trilhar todos esses 600 quilômetros de rio, simbolicamente, em território indígena, quase chegando no Pará, à esquerda do rio Xingu, fazer uma picada de 18, 5 quilômetros e chegar a Centro Geográfico, eu sei as coordenadas”, disse Sérgio Vahia, sem medo de enfrentar o desafio, mesmo sofrendo com um câncer. Cumprido o percurso da Expedição Roncador-Xingu, o grupo de dez pessoas vai seguir mais 18, 5 quilômetros em território indígena até atingir o Centro Geográfico. A previsão é chegar à região no dia 14 de outubro, quando serão comemorados os 50 anos de implantação do marco geográfico.
A Expedição comemorativa aos 50 anos da marcação do Coração do Brasil está sendo documentada pelo produtor paulista Daniel Santiago. O documentário vai investigar os caminhos da Fundação Brasil Central enquanto registra as modificações antrópicas e geográficas. O produtor explica que o documentário da Remarcação Geográfica da Expedição de Sérgio Vahia é a história do retorno dos sobreviventes da Expedição de 1958 comandada pelos irmãos Vilas-Boas e prestigia as etnias do Brasil. O projeto deve resultar num DVD de 52 minutos. O filme pretende mostrar as mudanças no Oeste do Brasil e será utilizado também num documentário sobre os 50 anos da fundação de Brasília, que serão comemoradas em 2010.
A disposição de Sérgio Vahia também é financeira. A aventura está orçada em R$ 60 mil, R$ 36 mil financiados pela Petrobrás via projeto de mecenato, aprovado pela estatal, que foram investidos na compra de quatro canoas e três motores que serão doados às aldeias indígenas. O próprio Sérgio vai pagar o restante dos recursos.
GRANDES DESAFIOS
Não é a primeira vez que Sérgio Vahia enfrenta desafios quase supra-humanos. Ele conta o episódio em que abriu sozinho a estrada que liga Nova Xavantina (MT)- São Félix do Araguaia (MT)/ Xingu. “Meu pai chegou aqui em agosto de 1943 com a Expedição Roncador-Xingu, depois passava as férias aqui por conta própria. Conheci Nova Xavantina (MT) em 1945 e Aragarças (GO) em 1944. Eu abri sozinho a estrada Nova Xavantina (MT)/São Félix do Araguaia (MT)/ Xingu, eu sozinho sem o concurso de nenhum engenheiro. A estrada ia para o Norte, de repente veio a ordem do ministro do Interior mandando parar a estrada no Km 450. Eu não quis parar porque ia ficar um beco sem saída. Contrariando tudo e todos, a estrada ia para o norte, desviei a estrada para o rumo nordeste, porque o ministro inexplicavelmente mandou parar a estrada que tinha sido aberta pela FBC a preço de banana. Pensei, não sou moleque de ninguém, botei óleo diesel me dirigi à estrada com as máquinas até a fazenda Suiá-Missu que já tinha uma estradinha pra São Félix do Araguaia (MT). Fui exonerado, mas consegui chegar a estrada em São São Félix do Araguaia (MT) e não ficou mais um beco sem saída”, concluiu. Ano passado, Sérgio Vahia recebeu o título de cidadão xavantinense.