sábado, dezembro 26, 2020

sexta-feira, dezembro 25, 2020

DESPEDIDA DE UM AMIGO...

 


Enquanto todos se preocupam com a Covid,
o câncer continua levando a vida de nossos amigos.
O Natal desse ano foi triste, perdemos um "companheiro de picada", como costumamos falar entre nosso grupo de aventuras pelo Xingu. Odone Ferrão Pinheiro, que além de nosso amigo também era nosso mecânico e cozinheiro de aventuras, partiu para o andar superior neste mês de dezembro. Travou uma luta desleal com essa doença maldita, chegou a participar de algumas aventuras pelo Xingu mesmo acometido por dores e incômodos. Partiu e acabamos não realizando nosso passeio pela costa do Rio de Janeiro em seu barco, como ele havia me prometido.
Que repouse em paz, companheiro.

SERTÃO VELHO CERRADO

 




Apesar de se tratar de um documentário de 2018, infelizmente o assunto é muito atual, pois aborda o desmatamento dos biomas brasileiros. Ser Tão Velho Cerrado, disponível na plataforma de streaming Netflix, nos mostra e sensibiliza para as causas da cerrado brasileiro, o bioma mais devastado do país, segundo o filme.
A maneira que o diretor André D'Elia optou por contar a história e apresentar a diversidade de pontos de vista é muito interessante. O filme apresenta discursos intercalados de especialistas, como engenheiros ambientais, cientistas e ambientalistas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Outras perspectivas divergentes também são mostradas: os ruralistas e representantes de mineradoras aparecem tentando justificar o desequilíbrio gerado pelas práticas que vem destruindo a região. A população local também tem voz, o Quilombo Kalunga tem um papel muito importante no documentário, pois os relatos dos moradores acabam criando uma linha temporal, alertando para o estado da região antes e depois da aparição do agronegócio.
Um fator interessante que agrega na conexão dos discursos são as pequenas intervenções de Juliano Cazarré e Valéria Pontes, que sutilmente acrescentam observações que às vezes complementam e em outros momentos contradizem o que foi dito no discurso anterior, principalmente em dados falsos que são apresentados nos depoimentos dos ruralistas.
  O filme nos contextualiza historicamente na formação concreta do Cerrado (Ser Tão Velho), que data 45 milhões de anos, sendo de extrema importância para os biomas que o circundam. Atualmente, o Cerrado se encaixa na categoria de hotspot, expressão utilizada para se referir a áreas de grande biodiversidade animal e vegetal, e que apresentam alto risco de extinção. Portanto são regiões em alerta, que precisam de atenção urgente e da criação de programas para a proteção da fauna e da flora local.
Além do alerta para a conservação vegetal e animal, há também outra questão muito discutida no documentário: a água. Devido a posição e ao relevo em que se encontra, o Cerrado tem um grande número de nascentes que escoam água para todas as regiões do Brasil. A maioria das nascentes de grande rios e bacias brasileiras partem do Cerrado, fornecendo água para rios como o São Francisco, Rio Xingu (Bacia Amazônica) e Rio Paraguai que forma a Bacia do Rio da Prata e abrange o Paraguai, o Uruguai e a Argentina. Além disso, o Cerrado também abastece diversos aquíferos, sendo o mais famoso deles o Aquífero Guarani.
A principal informação que o documentário busca passar é a necessidade de combate a indiferença do governo para a destruição desse bioma único no mundo que é o Cerrado. O filme é uma possibilidade de conscientizar a todos que não estão atentos sobre essa devastação ambiental, e gerar reflexões e debates nas escolas e universidades.
Ficha Técnica:
Ser Tão Velho Cerrado
Diretor: André D'Elia
Ano: 2018
Duração: 96 Minutos
Gênero: Documentário