quarta-feira, outubro 13, 2021

CACHOEIRA DO ITAMBÉ...

 


Viagem realizada no dia 12 de outubro de 2021 à
cidade de Aloandia-GO, distante 154 km de Goiânia.
Excelente ponto turístico para visitação pública.

sexta-feira, outubro 01, 2021

LIVRO - OS DIÁRIOS DE LANGSDORFF

 







O zoólogo, botânico e médico alemão Langsdorff foi o mentor dessa grandiosa aventura naturalista: entre 1821 e 1829, conduziu um grupo de pesquisadores e desenhistas por uma viagem de 17 mil quilômetros, estudando a fauna, a flora e o modo de vida do interior do Brasil. Os registros, em textos e ilustrações, dessas cenas até então inéditas da natureza brasileira estão contidos nesses três primeiros volumes. Um quarto e último volume - contendo mapas e reproduções fac-similares de documentos originais - está em fase de preparo.

LINKS PARA DOWNLOAD
em formato PDF

Volume 1

Volume 2

Volume 3


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LIVRO - NOTÍCIA GERAL DA CAPITANIA DE GOIÁS

 


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Formato CBR
Programa para rodar arquivo: CDISPLAY

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A NOTÍCIA GERAL DA CAPITANIA DE GOIÁS é a primeira História dos atuais territórios de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Triângulo Mineiro, integrantes no período colonial, da extensa Capitania das Minas de Goiás. Esta é a primeira edição da Notícia Geral

Escrita em 1873, permaneceu inédita por mais de dois séculos, guardada nos acervos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e, parcialmente, no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, sendo resgatada, organizada, vertida para o português moderno e, finalmente, ilustrada e editada pelo historiador Paulo Bertran.

A Notícia Geral da Capitania de Goiás não é apenas a sua História primeira. É também a sua primeira Geografia.

Foi escrita em cumprimento a uma Ordem Régia que o então governador de Goiás, Luís da Cunha Menezes, teve especial empenho em executar.

Alguns dos autores dos textos aqui vistos são conhecidos, mas, na maioria, são anônimos.

sábado, agosto 28, 2021

MINHA VIAGEM AO XINGU

 

I

AVENTURA NA CABEÇA


O meu gosto pela aventura vem desde a minha fase de criança, como acontece com a maioria das pessoas, só que comigo parece que a coisa foi mais forte e ficou impregnada. A minha imaginação viajava com os filmes que eu assistia e logo depois eu tentava replicar nas minhas brincadeiras tudo aquilo que eu havia assistido na televisão.



Em 1973, quando eu morava na Vila Redenção, em Goiânia, eu, na época com 8 anos de idade, e a turma da nossa rua fomos ao Cine Santa Maria, no centro da cidade, assistir ao filme JASÃO E O VELO DE OURO, uma produção britânica de 1963 que só chegaria ao nosso cinema dez anos depois, muito diferente dos dias de hoje, quando os lançamentos são praticamente simultâneos.

Pélias usurpa o trono da Tessália matando o rei Esão. Uma profecia, no entanto, dizia para que Pélias tivesse cuidado com um dos filhos de Esão, que apareceria usando uma sandália só e o destronaria. Para evitar a profecia, Pélias mata uma das filhas de Esão, não antes dela pedir a intercessão da deusa Hera, esposa de Zeus. A partir dai, Pélias faz de Hera sua maior inimiga.

Anos depois, Jasão, filho de Esão, salva a vida de Pélias em um encontro casual e perde a sandália na ação. Jasão não reconhece o assassino de seu pai mas este, sim. No entanto, Pélias está impedido de matar Jasão, já que a profecia diz que, se fizer isso, ele mesmo morrerá. Conversando com Jasão, descobre que este está pensando em partir numa jornada perigosa em busca do Velo de Ouro, na verdade a pele de um carneiro divino ao qual se atribuia poderes mágicos de cura. Pélias o encoraja. Jasão percorre então toda a Grécia, reunindo heróis que o acompanhem na aventura, entre eles o semideus Hércules e Acasto, filho de Pélias, mandado pelo pai para sabotar a viagem. Encomenda ainda ao construtor Argos um navio para transportar a ele e aos companheiros em sua jornada. Jasão dá ao barco o nome de Argo, em homenagem ao construtor; seus tripulantes passam então a ser conhecidos como "os argonautas".

Um pouco antes do embarque, Jasão é levado ao Monte Olimpo por Hermes para conversar com Zeus e Hera. Esta promete ajudar Jasão mas Zeus restringe essa ajuda (Jasão, como todos os mortais, é reconhecidamente uma peça no jogo que os deuses jogam entre si. Este é um retrato acurado da teologia grega, raramente encontrada atualmente). Assim, Jasão fica restrito a invocar o auxílio da deusa apenas cinco vezes e fica sabendo por ela que o Velo de Ouro realmente existe e que se encontra na Cólquida, reino estabelecido do outro lado do mundo.

Os argonautas enfrentam muitos perigos durante a viagem. Calmarias fazem Jasão pedir a ajuda de Hera pela primeira vez; ela os guia para a ilha de Bronze, antiga oficina do deus Hefesto, onde os argonautas se confrontam com a gigantesca estátua de bronze de Talos. Procuram a seguir pelo adivinho cego Fineu para que ele lhes indique o caminho correto para a Cólquida e livram-no do ataque diário de duas Harpias, que roubam-lhe as refeições por ordem de Zeus, para puni-lo pelo mau uso de seu poder. Fineu então lhes indica o caminho, passando pelas Simplégadas (o estreito do Bósforo), onde o desmoronamento de rochas ameaça matá-los. Fineu ainda lhes dá um amuleto, que, ao ser jogado ao mar, invoca um Tritão que, segurando os lados do estreito, auxilia-os na passagem.

Depois de todas essas peripécias, os argonautas chegam à Cólquida e, com a ajuda da princesa Medeia, conseguem, por fim, matar o dragão que vigia o Velo, apoderar-se dele e fugir da fúria de Eetes, rei da Cólquida, que faz brotar dos dentes semeados do dragão morto um exército de esqueletos que ataca os heróis.

Saí do cinema extasiado. Todas aquelas criaturas fizeram com que minha imaginação “voasse alto”.



Outro fator que alimentou muito minha imaginação foi quando ganhei um Forte Apache, da Gulliver. Era uma réplica em madeira dos fortes americanos, usados como base da cavalaria americana. O kit era composto também por várias figuras em plástico de índios e soldados. A imaginação rolava solta e eu podia criar várias situações com aquele brinquedo: o forte poderia ser atacado por índios, revoltados com a invasão de suas terras pelos brancos; Custer sairia em busca da glória em sua tentativa insana de vencer os índios... Situações e mais situações eram criadas a cada dia em que eu tirava todas aquelas peças da caixa. Depois de brincar horas e horas seguidas, cada peça era lavada e enxugada, uma por uma, antes de serem colocadas de volta na caixa. Posso sentir até hoje aquele cheiro característico da madeira e plástico que exalava da caixa sempre que eu a abria.

Lógico, para enriquecer o meu "repertório de aventuras", eu sempre assistia ao seriado Rin-tin-tin, que eu usava como inspiração e criava minha própria versão com os soldadinhos de plástico.



Em 1978, já morando em Aloandia, a Brinquedos Estrela lançou o boneco Falcon. Era um brinquedo caro, completamente fora do poder aquisitivo de minha família, mas sabem como é criança, eu tanto insisti que minha mãe acabou comprando um para mim, em uma de nossas viagens até a cidade de Goiatuba.

Falcon passou a ser o meu melhor amigo, companheiro de aventuras. No município existia uma cachoeira chamada Itambé. Ficava distante de Aloandia e praticamente não era visitada por ninguém. Mas é claro que eu e o Falcon não poderíamos deixar de lado essa aventura. Eu tinha uma bicicleta Monareta (da Monark), na qual eu amarrava uma caixa de sapato na garupa, forrava com um pano e ali colocava o meu boneco. Peguei minha máquina fotográfica Tira-Teima e fomos para o Itambé. Lá iniciamos nossa aventura: desci o Falcon no precipício, amarrado em um longo barbante. Deitado na beira daquele barranco, comecei a tirar várias fotografias do meu “amigo” lá embaixo. Na medida que ia subindo eu registrava o momento com um clique.

Nem é preciso dizer que a minha ida até essa cachoeira foi escondido da minha mãe, que sabendo do perigo no local, não permitia que eu fosse até lá.

Inocentemente, certo dia, sabendo que ela iria viajar até a cidade de Goiatuba, pedi a ela que levasse o meu filme fotográfico para ser revelado, uma vez que em Aloandia não existia laboratório fotográfico. É bom ressaltar que nessa época não existia as revelações em 1 hora. Era preciso deixar o filme e buscar dias depois.

Na viagem seguinte, ao pegar as fotografias e ver aquele abismo onde Falcon se enveredou, sustentado apenas por um cabo (barbante), me questionou que lugar era aquele. Ao afirmar que eu havia ido ao Itambé com o meu amigo Falcon, levei uma surra e uma bela lição de moral... e ainda fui obrigado a jurar que nunca mais voltaria lá com minhas ideias aventureiras.

Mas não parou por aí. Quando a propaganda da Estrela ia ao ar na televisão e eu vi que Falcon também participava de aventuras submarinas, decidi que era hora do meu boneco ter a sua chance em um dos muitos córregos que cortam o município. Dessa vez escolhi um bem perto, um pequeno riacho que cortava as terras de uma fazenda próxima. Estávamos mergulhando naquelas águas cristalinas, eu e o meu amigo Falcon, quando avistei no fundo do pequeno manancial, que tinha areia clara no fundo, alguns pontos alaranjados. Escolhemos aquilo como objetivo e mergulhamos até os tais pontos alaranjados. Ao me aproximar, para o meu espanto (para não dizer pavor) descobri que se tratavam de pequenos caranguejos. Nem é preciso dizer que saímos dali o mais rápido possível, e o que é mais importante, sem tirar nenhuma fotografia, para não nos incriminarmos.



Quando eu estava cursando a quarta série, a minha professora passou como trabalho a leitura do livro A SERRA DOS DOIS MENINOS, DA COLEÇÃO Vaga-Lume, de autoria de Aristides Fraga Lima. O livro vinha acompanhado de um caderno de exercícios que seria usado após a leitura do mesmo. Esse foi o primeiro livro que li na minha vida e posso garantir que comecei muito bem.

O livro narra a viagem de uma família ao interior da Bahia, onde o pai, o senhor Domingos, havia comprado uma fazenda e decidiu que a família passaria ali oi verão. Ao chegarem na região, as crianças logo perceberam a existência de uma enorme serra e lá no alto havia um cruzeiro de madeira. Tiveram a ideia de dar uma escapadinha e subir na serra. Acabam se perdendo e tendo que passar a noite por lá. Uma aventura e tanto que acabou atiçando a minha vontade por fazer algo igual ou parecido. Chamei quatro coleguinhas e fomos para a fazenda do avô de um deles, onde tinha uma serra com boa mata preservada. Passamos a noite por lá. Fomos atacados por formigas e passamos a noite em claro, com medo dos barulhos na vegetação que rodeava nosso acampamento. Foi a minha primeira experiência de "wild camping".


Cachoeira no rio Meia Ponte, entre os municípios de Goiatuba e Panamá.

Em 2003, já na minha fase adulta, decidi comprar uma canoa de fibra de vidro e desbravar o rio Meia Ponte, que corta o nosso estado de Goiás. O rio nasce no município de Itauçu, na Serra do Brandão e em Taquaral. Outros municípios banhados pelo rio são Santo Antonio de Goiás, Brazabrantes, Goianira, Nova Veneza, Inhumas, Itauçu, Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Senador Canedo, Hidrolandia, Professor Jamil, Pontalina, Aloandia, Goiatuba e Panamá. Fizemos o percurso de Goianira até Panamá. A ideia era chegar à foz, no rio Paranaíba, que faz divisa com o estado de Minas Gerais, mas havia uma cachoeira no nosso caminho. Foram várias viagens pelo leito desse importante rio, na companhia de diversos amigos: Ronilson Machado, Hugo Leonardo, Donato Domingos, Roberto Baccin e Ernesto Renovato. Costumo dizer que meus convidados parecem não gostar da aventura de descer remando. O único que teve a capacidade de remar mais de uma vez comigo pelo Meia Ponte foi o amigo Ernesto. Tais viagens, alternando com outros mananciais (rio Dourados, Lago Serra da Mesa) se tornaram frequentes até o ano de 2011.



No ano de 2001, tive a honra e o prazer de me tornar amigo do professor e historiador Paulo Bertran, que me convidou para fazer parte de uma expedição que ele estava prestes a fazer na Cidade de Pedras, na região de Pirenópolis. Descoberta em 1871, pelo Dr. François Henry Trigent dês Genettes, médico e naturalista francês,  a Cidade de Pedras foi redescoberta pelo professor Bertran em 2002, sendo considerada uma das maiores do país, ocupando uma área de 500 hectares na Serra de São Gonçalo, ao lado da Serra dos Pirineus. A expedição foi patrocinada pelo Governador Marconi Perilo.

Em 2003, após ler o livro “A História de Niquelândia – Do Julgado de Traíras ao Lago Serra da Mesa”, de Paulo Bertran, fui atraído a conhecer o citado extinto arraial de Traíras. Fui até lá, fotografei os restos de antigas construções e, em uma conversa posterior com o professor Bertran, planejávamos outras possíveis viagens que eu poderia fazer e que iriam auxiliá-lo em seus trabalhos. Infelizmente, no dia 3 de outubro de 2005 o professor Bertran nos deixou prematuramente, aos 56 anos, após uma parada cardiorrespiratória.

Em 2008, após ler um livro da professora Mari Baiocchi, que falava sobre o Quilombo dos Kalungas, fiquei interessado em conhecer a região. Por sorte um parente da minha esposa acabara de adquirir umas terras próximas dali. Era a minha oportunidade. 

Para chegar ao local, realizei uma viagem de ônibus até Santa Tereza de Goiás. De lá, fui a pé até Cavalcante, numa caminhada de 22 quilômetros. Durante oi percurso, vários veículos pararam para me oferecer carona, mesmo eu não fazendo nenhum sinal para eles. Como eu queria conhecer a região, recusei as ofertas e fiz todo o percurso caminhando. Confesso que foi muito prazeroso; pude visitar um antigo cemitério na beira da estrada, presenciei a travessia da estrada realizada por uma pequena cobra e pude visitar belíssimas praias de águas cristalinas do Rio das Mortes.

A ideia de fazer tal caminhada surgiu após eu ler o livro ITINERÁRIOS, de Raimundo José da Cunha Matos, de 1823. O autor passou pela região, após ter saído do Rio de Janeiro com destino ao Maranhão. O livro é o seu diário de viagem, onde ele descreve detalhes dos lugares por onde passou, inclusive que podem ser identificados até hoje. Fiz o caminho inverso dele entre Santa Teresa de Goiás e Cavalcante, mas pude conferir todos os córregos pelos quais ele passou (em seu livro ele descreve a caminhada mais ou menos assim: "Caminhei por tantas léguas e passei sobre o córrego tal utilizando ponte improvisada com troncos de madeira).

Para chegar ao meu destino tive que utilizar o transporte em um "Pau-de-Arara", que saia de Cavalcante com destino a Minaçu. Fiquei acampado no alto de uma das várias serras da região por oito dias.


Expedição ao Xingu de 2008. 


No ano de 2006, tive a honra, o prazer e a sorte de conhecer Sergio Vahia, um verdadeiro aventureiro no qual passei a me inspirar. Na época eu trabalhava com conversão de áudio (análogo para digital) e fui procurado por ele para converter uma fita cassete para um CD. Eu estava lendo o livro EXPEDIÇÃO RONCADOR-XINGU, dos irmãos Villas Boas. Ao chegar na casa do Sergio, ele foi me contar que no cassete havia a narrativa de um índio que nos anos 50 foi companheiro de aventura de Sergio no Xingu. Como eu estava lendo o livro dos irmãos Villas Boas, aquela conversa me interessou bastante e fomos nos aprofundando no assunto. Quando ele falou que o pai dele havia sido médico da expedição, houve o seguinte diálogo:

- O senhor é filho do Dr. Vahia?

- Ué, você conhece o meu pai?

- Estou lendo um livro sobre esta expedição?

Nesse momento, Sergio abre uma gaveta e me mostra um exemplar do mesmo livro que eu estava lendo. Dali pra frente a nossa amizade foi se fortalecendo a cada dia. Posso afirmar sem medo que Sergio é pra mim muito mais que um amigo, é o pai que eu não tive e o meu aventureiro de inspiração. Devo muito a esse homem e se eu cheguei até aqui, foi graças a ajuda e apoio dele.

Fizemos um resgate histórico de todo o material fotográfico que Sergio guardava em suas gavetas, realizamos várias viagens ao Xingu e até ajudei na produção de seu livro biográfico, DA MATA ATLÂNTICA AO XINGU.

Em 2008, após toda essa ebulição causada pela nova amizade, acabaram produzindo um documentário sobre os 50 anos da Remarcação do Centro Geográfico do Brasil, do qual Sergio Vahia era um dos remanescentes. Fui premiado com o convite de fazer parte da nova expedição. Infelizmente só pude acompanhá-los até o rio Kuluene. Na época, minha filha caçula, Ana Clara, enfrentava sérios problemas ortopédicos e eu precisava estar presente para auxiliar minha esposa nos cuidados que ela exigia.

Três anos depois, o inquieto Sergio resolve fazer uma nova expedição, dessa vez saindo da aldeia Suiá, através do rio Pacas, que é tributário do rio Suiá-Missu e que por sua vez deságua no imenso rio Xingu. É justamente sobre essa expedição que iremos falar no próximo capítulo. 



 

 

 

quarta-feira, julho 21, 2021

CONVITE PARA UMA VIDA MELHOR...

REMAR, PEDALAR, CAMINHAR... AVENTURAR-SE

Expressão de espanto é a coisa mais comum quando algum amigo descobre que já fiz viagens de seis dias em meu barco a remo. “Não seria mais fácil um barco a motor?”, perguntam eles.

Certa vez, em setembro de 2004, acampamos às margens do lago Serra da Mesa por oito dias. Chegamos ali numa quarta-feira. Imperava o silêncio. Todo aquele lago era só nosso. Barracas armadas na margem, canoa canadense na água e ao longe as luzes da mineradora Codemin.

Acampamento na margem do rio Meia Ponte

No sábado fomos acordados por barulhos de motores náuticos. O lago ficou tão movimentado que até parecia um ‘pier’. Saímos para remar e por todo lado víamos barcos movidos por potentes e barulhentos motores, pessoas curtindo a vida como bem sabiam: pescando, estendendo-se ao sol, tomando banho, garotos correndo de um lado para o outro em seus jet-skis. Um olhar atento me levantou uma dúvida: estariam eles realmente aproveitando a beleza natural do local, perdidos no meio de todo aquele conforto e laser?

Atracado em uma árvore semi-submersa no lago Serra da Mesa

Enquanto isso, nós remávamos de um lado para o outro, extasiados com a beleza das árvores submersas, pequenas ilhotas, assombrados com a própria graça de, com tão pouco, desfrutar do mesmo lugar, até mais do que aquela gente em seus barcos velozes.

Pois a canoa entrava em partes rasas e cheias de galhos onde os barcos não poderiam chegar. E é claro, por não podermos navegar tão rápido, gastávamos mais tempo apreciando o lugar, percebíamos coisas que escapariam ao olhar apressado, nos detínhamos em detalhes que desabrochavam sem pressa. E escutávamos o vento, sentíamos a superfície arrepiada da água – coisas que ao pessoal dos barcos eram negadas. Sem mencionar a prazerosa sensação de pôr os braços e fôlego a trabalhar, a saudável alegria de star fazendo força para descobrir aquilo tudo.

No topo da Serra da Areia, Aparecida de Goiânia

A vida tem muito mais disso: MAIS não é necessariamente MELHOR. E a aventura é uma das formas de nos pormos em contato com o melhor que a Terra possa nos oferecer, e com o que temos de melhor dentro de nós mesmos. Fala-se muito na necessidade de se encontrar, de escapar à confusão e ao frenesi da vida moderna. Mas em nenhum outro momento conseguimos encontrar tão completa satisfação, como quando estamos explorando a pé uma trilha por dentro da mata, descendo de bike um novo caminho, ou de alguma forma comungando com uma serra, um rio, ou os ritmos do planeta. Conforto não faz necessariamente parte desta equação. Pois há alguma coisa primitiva e irresistível na simplicidade animal de apenas partir de um ponto do mapa e chegar até o outro, usando pernas, braços – e os olhos. Como sal numa receita insossa, a aventura acrescenta um sabor à própria vida. Só é preciso saber onde procurá-la.

Caminhada nas "ruínas" da antiga cidade de Traíras

Mas o que é aventura? Um lugar? Um momento? Estado de espírito? Sabemos reconhecê-la quando a encontramos, mas não conseguimos defini-la. O que é aventura para uns, para outros é mero turismo selvagem. O que para estes é aventura, para aqueles pode significar apenas excessivo risco ou rematada loucura. Cada um acaba então tendo que buscar seu próprio nível de “aventura”. Mas o denominador comum é que a coisa tem que ser uma busca, uma procura pessoal, um encontro – com o novo, com o inesperado, com o surpreendente. E para isto, é preciso estar pronto a enfrentar – frio, chuva, desconforto, sol. Até mesmos seus medos! Um pouco de desconforto e de perigo fazem maravilhas pela sua alma.

Não é algo que os outros possam planejar por você.

Erosão em formação na Serra da Areia

Não é algo que possam lhe oferecer, como um produto ou um serviço. É mais do que um passeio no bosque. Pois implica em certo grau de incerteza, em certa dose de coragem. A aventura exige que você se lance premeditadamente e tome suas próprias decisões. Mas as recompensas, por outro lado, são enormes. Vá nessa! 

sábado, junho 26, 2021

RONCADOR-XINGU, BASE DA FUNDAÇÃO BRASIL CENTRAL DE UBERLÂNDIA

 


1944 - A Expedição Roncador-Xingu partiu pela via férrea do Rio de Janeiro e São Paulo e montou a primeira base nos armazéns da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, em Uberlândia, MG

(Fotografia postada no grupo "Fotografia de Rua de Uberlândia", por Claudio Vieira)

segunda-feira, abril 26, 2021

ANDARILHO GOIANO

 


PÉ NA ESTRADA

A grande vantagem de uma boa mochila sobre outras formas de bagagem é a liberdade de movimento. Com tudo o que você precisa confortavelmente preso às suas costas, você não tem necessidade de se amarrar a uma base fixa. Não importa se estiver atravessando um parque selvagem, escalando uma montanha, fotografando animais ou pulando de país para país, você é auto-suficiente e pode encarar sem obstáculos, qualquer aventura que surgir no seu caminho.


EXPANDINDO SEUS HORIZONTES

Reduzindo o seu equipamento ao mínimo - em termos de variedade e peso -, você deixa muitas atividades excitantes ao seu alcance. Viagens de bicicleta ou em qualquer tipo de barco, por exemplo, tornam-se possibilidades viáveis quando tudo se limita a uma mochila. Além disso, saber que pode carregar todo o seu equipamento em uma emergência permite que você se aventure por rotas alternativas e que volte sozinho, sem ajuda, caso encontre algum contratempo. Mochileiros, inclusive aqueles com interesses especiais como pesca, montanhismo e espeleologia, podem ir a locais remotos que pessoas menos aventureiras não teriam nenhuma esperança de ver.


O EQUIPAMENTO CERTO

Comprar equipamento para acampar é caro e confuso, mesmo para os experts. Avanços tecnológicos constantes produzem equipamentos cada vez mais leves, quentes, confortáveis e de secagem rápida. Fique atento, contudo, a gastar dinheiro em itens que você talvez nunca use e que, apesar de leves, podem acabar pesando na sua mochila. Existem muitos objetos que são vendidos como versões especiais de itens domésticos. A sugestão: você pode ter o mesmo conforto de casa em uma trilha. 


TORNANDO-SE MOCHILEIRO

Independentemente da intenção - algo séria e rusticamente aventureira ou simplesmente turismo que não pesa no bolso -, você deve planejar um itinerário e determinar o que precisa. Transportar a sua carga precisa estar bem dentro de sua capacidade física, e itens importantes devem ser facilmente acessíveis. Todo viajante também precisa saber como encontrar abrigo, obter água e comida, guiar-se com bússola e mapa e atravessar terreno ruim em todos os tipos de clima. Em princípio, você pode não pretender atravessar um deserto ou uma selva, mas nunca se sabe quando pode precisar fazê-lo, ou quando uma virada no tempo poderá obrigá-lo a partir rapidamente. 


FAZENDO O PRÓPRIO CAMINHO

Mochileiros tem em comum liberdade de espírito e preparo para aplicar bom senso a qualquer problema que encontrarem. Você pode ser mais feliz na natureza do que em casa - se aprender a fazer as coisas de forma diferente.


TREINAMENTO FÍSICO

Exercícios de treinamento físico são bons para todo mundo, e uma viagem de mochila é um ótimo motivo para começar. Não é sensato pular direto de um emprego sedentário para uma mochila pesada em terreno ruim; você deve, primeiro, entrar em forma, depois se acostumar a andar boas distâncias calçando botas e levando peso. Entrar em forma precisa ser um trabalho gradual, ao longo de pelo menos três meses. Se você tentar conseguir demais em um espaço de tempo muito curto, pode facilmente se machucar e estragar a sua viagem. 


ROUPA ADEQUADA

Sua escolha de roupa e calçado é, em grande parte, determinada pelo clima e pelo tipo de terreno pelos quais estará viajando. É essencial conversar com pessoas experientes. Você pode comprar as suas camadas internas de roupa por um preço razoável em qualquer boa loja. Bons itens, resistentes a intempéries, como botas, jaquetas e roupas insuladas, roupas resistentes e leves para selva ou itens que retém o calor para noites no deserto são caros e devem ser adquiridos em lojas especializadas. Compre botas alguns meses antes de viajar e amacie-as antes de partir. 



EQUIPAMENTO DE CAMPING

Antes de gastar dinheiro, empreste itens de camping para teste de viagem de fim de semana. Compre apenas quando souber exatamente o que precisa. Informe-se sobre todo tipo de equipamento nas lojas, não só o que você pensa comprar. Ouça o que os vendedores dizem, mas não se deixe levar contra o seu bom senso pondo mais peso na sua mochila. 


COMPANHEIROS DE VIAGEM

O ideal é que as pessoas em um grupo tenham habilidades complementares. Expedições de teste detectam, preferências e limitações individuais, ajudam a equipe a se entrosar e permitem que os membros compartilhem seu conhecimento de primeiros socorros, escalada, equipamento, pesca, fotografia e outras áreas. Não é prudente entrar em uma trilha com completos estranhos: eles podem ser irresponsáveis em uma crise ou fazê-lo sentir-se isolado ou solitário. Até mesmo amigos podem se comportar de maneira imprevisível numa trilha. Se você se juntar a um grupo desconhecido, faça todos os esforços para conversar com todo mundo quanto antes. 

segunda-feira, março 01, 2021

CAMINHANDO PELA FERROVIA NORTE-SUL

 


O TRECHO MAIS BONITO DA FERROVIA NORTE-SUL

Um belo dia, navegando despretensiosamente pela internet, acabei dando de cara com esse vídeo.   É impossível não se encantar com tamanha beleza das imagens. Linhas ferroviárias atravessam as mais belas paisagens. Sempre foi assim.

Faz um bom tempo que não faço nenhuma aventura e a imagens acabaram me inspirando: em 2022 pretendo caminhar por um trecho da ferrovia. Provavelmente farei o trecho de Santa Helena até Goianira, passando por essa região do vídeo.

A ideia é percorrer o trecho a pé, levando o equipamento necessário em uma carrocinha que pretendo construir. Aproveito para deixar aqui o convite para aqueles que se interessarem em participar da aventura. Companheiros para a caminhada são muito bem vindos.

Irei postando por aqui tais preparativos.


segunda-feira, janeiro 18, 2021

A FARSA IANOMAMI

 


A Nova Ordem
Com uma capa que sintetiza de maneira extremamente clara a questão, o Coronel do Exército e Secretário de Segurança de Roraima, Carlos Alberto L. M. Barreto apresenta de maneira extremamente clara um dos maiores absurdos sobre a questão indígena no Brasil: a criação moderna de uma tribo que nunca existiu; a Ianomâmi. ONG's, movidas sempre por interesses internacionais numa estratégia conjunta de propaganda e militância de defesa cultural, contando com a ignorância da maioria populacional, tentam a todo custo demarcar áreas de proteção e preservação cultural indígena com tamanhos maiores que países da Europa. Estratégia para a futura internacionalização das terras ao Norte do Brasil? Interesse em uma futura extração de minérios na região? Zoológico antropológico? Qual o verdadeiro intuito daqueles que tentam a todo custo minar a soberania do Brasil? Leia e tire suas próprias conclusões. Como extra, apresenta na íntegra as diretrizes do braço brasileiro da Christian Church World Council, que demonstra, com o documento próprio da instituição, um verdadeiro afronte ao Brasil.

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segunda-feira, janeiro 11, 2021

HISTÓRIA DE NIQUELÂNDIA

 


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História de Niquelândia: do Julgado de Traíras ao Lago de Serra da Mesa
2a e 3a edições: Brasília, Editora Verano, 1998 e 2002

Ensaio em catorze capítulos sobre a região de Niquelândia e do Julgado de Traíras, o mais opulente da capitania de Goiás, extinto bem como outros arraiais e hoje sob as águas da usina de Serra da Mesa, uma das maiores do país. Diversos estudos abrangendo a região desde o século XVIII até 2002.